Mesa do painel sobre organização de base

No início da noite do segundo dia do Congresso da CSP Conlutas, após os grupos de trabalho, os delegados se reuniram em plenário para debater e compartilhar as distintas experiências e iniciativas de organização nos locais de trabalho desenvolvidas pelos diferentes setores que compõem a central.

Segundo Zé Maria, da Secretaria Executiva Nacional da central, a escolha do tema “Organização de Base” como eixo central do Congresso é um passo consciente da organização para impedir que a CSP Conlutas tome os mesmos rumos das centrais burocratizadas, a exemplo da CUT. “A organização nos locais de trabalhos é fundamental para a democratização dos sindicatos, pois incorpora a categoria no cotidiano das organizações. É, portanto, uma ação concreta para combater a burocratização e exercer a democracia operária” .

Ainda segundo Zé Maria, a efetivação da organização dos trabalhadores nos seus locais de trabalho possui também um caráter estratégico para a central que tem como bandeira a luta pelo socialismo. “As organizações dos trabalhadores devem servir como escolas para a Revolução. E, neste sentido, a organização de base é uma necessidade para acumular a experiência de exercício do poder pelos trabalhadores” .

Filipe Proença, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ressaltou a experiência das organizações de base como elemento necessário para a vitória de uma ocupação urbana. “Em uma ocupação, a solidariedade é necessária, mas não é suficiente. As condições materiais impõem a organização de base como uma necessidade para o sucesso da ocupação” , destacou o dirigente do MTST.

A iniciativa de trazer para o 1° congresso da central o tema da Organização de Base foi colocada como um grande “começo” para a central que, apesar de recente, já possui um importante papel na luta de classe brasileira. “Nós somos o novo que já começa a discutir e a ter políticas para combater o burocratismo. Somos a nova direção que tem coragem de dizer que é necessário conclamar a nossa base para tomar a direção do movimento” , afirmou João Baptista, do Movimento Terra e Liberdade (MTL).

O painel se encerrou com a perspectiva de aprofundar o tema nos próximos grupos de discussão do Congresso, e votar resoluções, na plenária final, para que a política de organizar os trabalhadores nos locais de trabalho não fique apenas em uma declaração de boas intenções, mas sim em práticas permanentes de exercício da democracia operária.

O acúmulo do debate no Seminário Nacional sobre Organização de Base, realizado em novembro do ano passado pela central, deverá ser resgatado nas discussões e resoluções do Congresso. “O Seminário sintetizou uma série de resoluções que devem servir de base política para as nossas discussões neste Congresso. Precisamos, como apontou o seminário, aprovar uma ampla campanha que reivindique o direito democrático dos trabalhadores de se organizarem nos seus locais de trabalho. A repressão e perseguição são ainda grandes empecilhos para efetivarmos a organização de base” , argumenta Zé Maria.