Ao contrário do que faz parecer o governo Lula e a imprensa, a quitação da dívida do Brasil com o FMI com dois anos de antecedência não é motivo para comemoraçãoNo dia 14 de dezembro, as capas dos jornais do país alardearam a comemoração governista com a quitação das dívidas do Brasil com o Fundo Monetário Internacional com dois anos de antecedência. Até o final do ano, deverão ser pagos US$ 15,5 bilhões ao fundo, quitando a dívida que seria parcelada até 2007. O governo, através de sua assessoria, apresenta o fato como um grande feito, “um momento histórico para o país“, no qual o Brasil entra o ano livre das obrigações com o FMI.

Entretanto, sob a máscara de uma suposta independência econômica, a quitação apenas representa o enorme grau de submissão do governo petista ao imperialismo. Esse pagamento adiantado só se deu mediante um árduo aperto na economia, com drásticos cortes em áreas como educação, saúde e reforma agrária. Todos os cortes orçamentários engordaram o superávit primário. Com o acordo Dilma-Palocci, o superávit primário de 2005 deverá terminar o ano na casa dos 4,7% (cerca de R$ 91,5 bilhões) do PIB, superando a meta inicial, de 4,25%.

O governo Lula não só não rompeu com o FMI, como renovou os acordos, iniciados por FHC em 1998, e recorreu também ao Fundo em 2003. Agora, com a quitação, Lula deve usar esse novo dado ‘positivo´ da economia para sua campanha em 2006. Mesmo antes desse pagamento, em todos os discursos em que fala de seu governo, o presidente sempre aponta a economia como o grande fator positivo de sua gestão. Só que Lula não explica que quem se beneficia desses ‘bons índices econômicos´ são os grandes empresários, as multinacionais, os banqueiros, o agrobusiness, o imperialismo de conjunto. Os trabalhadores do país, por sua vez, pagam o pato pelos lucros da elite.