Zenaldo Coutinho (PSDB)

Denúncias apontam indícios da existência de uma forte relação entre comandantes do jogo do bicho de Belém e aliados políticos do atual prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho

Em uma série de reportagens divulgadas durante esta semana, o jornal Diário do Pará aponta indícios da existência de uma forte relação entre comandantes do jogo do bicho de Belém e aliados políticos do atual prefeito da cidade, Zenaldo Coutinho, na época em que ainda era candidato pelo PSDB. 
 
As reportagens têm como base o inquérito policial da operação “Efeito Dominó” que, em setembro do ano passado, prendeu 74 pessoas ligadas ao jogo do bicho no Pará, Rio de Janeiro e Bahia. Só em Belém, 32 pessoas foram detidas. A operação ainda apreendeu R$2 milhões enviados pelos bicheiros para o Banco do Estado do Pará (BanPará). Mas o dinheiro movimentado pelos envolvidos chegava a R$ 1 milhão por dia. A “Efeito Dominó” também desmantelou o “Parazão”, central de apostas que reunia as principais bancas de bicho em Belém.
 
Recentemente, grampos telefônicos da polícia revelaram diálogos entre o empresário Jânio Monteiro Vidal e Fabrício Gama, atual presidente do diretório municipal do PSDB e um dos líderes da campanha tucana à disputa da prefeitura.  Segundo a polícia, Jânio Vidal, mais conhecido como Jango, era um dos comandantes do Parazão.
 
Em uma das ligações, Jango e Fabrício aparecem comemorando a vitória de Zenaldo. Em outra, o bicheiro pede votos para o candidato tucano. Em muitas outras, conversas referentes à pesquisa eleitoral e à colocação de Zenaldo nas pesquisas eleitorais vem à tona. 
 
Denúncias revelam o jogo sujo das eleições burguesa
As gravações revelam muito mais do que a “colaboração” e uma possível contribuição financeira dos bicheiros à campanha de Zenaldo.“Diga-me com quem andas que eu te direi quem és” e “Quem paga a banda escolhe a música” são ditados populares que, de certa forma, melhor conseguem ilustrar disputas eleitorais. A íntima ligação entre tucanos e bicheiros mostra, de forma óbvia, para quem o PSDB de Jatene e Zenaldo governam. Ao se aliar com criminosos, revelam que é consciente a política que vem sendo implementada no estado e município: uma política criminosa de baixos investimentos e, consequente, sucateamento das áreas sociais, como saúde, transporte, educação e segurança pública.
 
Essas denúncias também escancaram o jogo sujo das eleições burguesas que envolve financiamento privado e criminoso de campanha, corrupção e compra de votos. Não acreditamos que as eleições possam mudar, de fato, a vida dos trabalhadores. Justamente por se tratar de um sistema controlado pelo poder econômico, a corrupção é a marca deste processo. Mas não podemos deixar que algo tão sério como essas acusações terminem assim: em meras acusações.
 
É necessária uma ampla investigação sobre esse escândalo que, se comprovado, não pode ficar impune como tantos outros. O Ministério Público Federal e a justiça devem ir a fundo nessas investigações se quiserem honrar o mínimo de confiança que a população ainda lhes concede. Zenaldo precisa se pronunciar sobre as denúncias, além de colocar seu sigilo fiscal, bancário e telefônico à disposição da justiça e da sociedade. Aos trabalhadores, a mobilização é a única saída. Somente assim poderemos garantir alguma possibilidade de transparência na apuração do esquema. A resposta aos tantos casos de corrupção tucana, como as fraudes na Assembleia Legislativa do Pará (ALEPA) em 2011, e ao descaso destes governos com as demandas do povo pobre deve ser nas ruas!