Para dar mais força à ocupação da ALEPA e à greve, os servidores da rede estadual de ensino realizam um novo ato nesse dia 8 de novembro. Desde às 9h, diversos sindicatos e movimento sociais se reúnem em frente à Assembleia Legislativa para se incorporarem à luta em defesa da educação. Ao mesmo momento, está sendo realizada uma Mesa de Conciliação entre sindicato e governo. A mesa foi convocada pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Estado, Sr. Ricardo Ferreira Nunes, para tentar um acordo e pôr fim à greve. A categoria também fará uma assembleia, às 15h, para avaliar a reunião.
 
De acordo com a última assembleia, os professores afirmam que os avanços apresentados pelo governo, até agora, são tímidos se comparados à realidade das reivindicações da categoria, mas que ainda assim, são importantes na disputa política e ideológica entre sindicato e governo. A greve completa hoje 47 dias.
 
Jornada de trabalho: o ponto nevrálgico
O principal impasse entre trabalhadores e governo diz respeito à jornada de trabalho e as horas-atividades da categoria. Segundo Abel Ribeiro, coordenador estadual da CSP-Conlutas e militante do PSTU, este é o ponto chave da greve porque diz respeito à redução do número de turmas por professor sem preda de remuneração. Abel explica que hoje, um professor tem que cumprir 200 horas em sala de aula por mês. Na prática, cada professor ministra 2 aulas, de aproximadamente 1 hora, em cada turma por semana. Entretanto, segundo o Plano de Carreira, 25% desta carga de trabalho deveria ser destinada a hora-atividade, ou seja, aquele tempo em que o professor não está, necessariamente, ministrando aula, mas estudando, preparando aulas, elaborando ou corrigindo provas, etc. E isso não cumprido. 
 
Hoje o professor cumpre 200 horas em sala de aula. Nós reduziríamos 5 turmas de cada professor,  caso as horas-atividades fossem implementadas. Ou seja, teríamos 15 turmas e também a chance para combater um problema pedagógico: ter uma jornada digna é trabalhar com qualidade, tendo aulas com mais energia, disposição e preparo”, afirma.
 
Retroativo do Piso: Jatene quer institucionalizar o calote
A categoria também pede o pagamento retroativo do piso salarial nacional referente a 2011. O governo afirma que não tem dinheiro para pagar cerca de R$72 milhões para aproximadamente 23 mil servidores, o que daria R$2.400, 00 para cada trabalhador. “O governo sabe que nos deve, mas afirma que não tem como nos pagar devido à Lei de Responsabilidade Fiscal. Ao mesmo tempo, não aponta datas, prazos, nem possibilidade de pagamento parcelado (…) o governo pode até ter responsabilidade fiscal, mas responsabilidade social passa longe!”, disse o professor.
 
Jatene e PSDB: inimigos da educação
Desde o início da greve, o governo do estado tenta desmoralizar os professores e colocar a opinião pública contra a greve da educação. Desde a intransigência em atender as pautas, truculência da polícia, até mentiras nos veículos de comunicação de massa, em especial o jornal O Liberal, foram utilizados. “Toda greve contra o PSDB é difícil, pois esse partido é altamente tecnocrata e impõe uma lógica neoliberal que é inimiga da educação”, disse. Mas, ainda assim, os trabalhadores seguem resistindo e a força da greve vem desgastando o governo, obrigando-o a ceder, aos poucos. O apoio de diversas categorias também é forte. Durante a noite de ontem, por exemplo, os Operários da Construção Civil estiveram presentes na ocupação para prestar solidariedade à luta daqueles que educam seus filhos. “Isso nos fortalece e nos faz entender que não podemos recuar porque temos muita responsabilidade. Nossa vitória aqui em Belém pode ser importante para avançar a luta dos trabalhadores em nível nacional. Além disso, nossa vitória é a vitória da educação!”.