Eduardo Almeida,da redação

O P-SOL é um novo partido de esquerda, de oposição ao governo Lula. Hoje surge como alternativa eleitoral à crise petista, com uma candidata à presidência de visibilidade como Heloísa Helena. Existem ativistas que rompem com o PT e acham que o P-SOL é uma alternativa. Não temos acordo com isso e queremos explicar porque.
A falência do PT é conseqüência de seu projeto reformista eleitoral. Retomar o mesmo projeto agora pode ser uma opção de curto prazo, mas que entrará em crise rapidamente, pelos mesmos motivos da falência do PT. A adaptação à democracia burguesa leva a uma degeneração dos melhores ativistas.

O P-SOL, infelizmente, está repetindo os mesmos passos do PT, mas não o PT de seu início. Vejamos: o PT nasceu como partido das lutas, das greves do ABC. Quando foi ganhando eleições, se transformou em um aparato eleitoral, que girava ao redor das eleições, em particular da candidatura de Lula à Presidência. O P-SOL já nasceu ao redor do lançamento da candidatura de Heloísa Helena à Presidência.

O PT, no seu início, tinha um conteúdo profundamente classista. A palavra de ordem das eleições de 82 era “trabalhador vota em trabalhador”. Nas eleições passadas, o P-SOL apoiou (quando não tinha legenda) tanto o PT como partidos burgueses em Alagoas e Goiânia. Agora, discute com o PDT a possibilidade de uma aliança em 2006.

O PT, no começo, era dirigido por sindicalistas. Foi só na década de 90 que passou a ser dirigido por parlamentares. O P-SOL já nasceu dirigido por parlamentares e isso só vai piorar com as recentes adesões.

Os parlamentares que romperam com o PT e estão em busca de um novo aparato eleitoral, semelhante ao PT, encontram uma alternativa natural no P-SOL.

Um novo curso
Mas esse não é o destino natural para os ativistas que rompem com o PT por seu reformismo eleitoral. Estes necessitam de um novo projeto, revolucionário, como o do PSTU. Os que não aceitam a idéia de formar um novo PT, devem avançar na discussão sobre os motivos dessa crise e vir conosco construir o PSTU.

seguindo à direita

Jeferson Choma, da redação

A adesão de parlamentares ao P-SOL o reforçou eleitoralmente. A imprensa tem dado grande destaque a isso. Falta apontar outra conseqüência, não menos importante: as mudanças políticas causadas por essas adesões em seu interior.

Foi muito reforçada a ala direita desse partido. Hoje tudo está em rediscussão no P-SOL, inclusive sua relação com o governo, sua relação com a Conlutas e, sobretudo, as eleições. O deputado Ivan Valente, que disse ser da “direita do P-SOL”, declarou que o partido deve atuar como “oposição racional“. “O grande inimigo não é o governo Lula, é a direita”, disse.

Papelão
A primeira prova das transformações do P-SOL pôde ser observada na votação para a Presidência da Câmara. No dia da votação, Luciana Genro anunciou que o partido não votaria em nenhum dos candidatos. Não foi o que aconteceu. Ivan Valente (SP), Maninha (DF) e Chico Alencar (RJ), recém ingressos no P-SOL, declararam apoio ao governista Aldo Rebelo (PCdoB) e, além de legitimarem a corrupta eleição, também ajudaram a fortalecer o cambaleado governo.

Tempos atrás, esses deputados tiveram uma postura lamentável na votação da reforma da Previdência. Apesar de denunciarem o caráter neoliberal da reforma, na hora de votar, preferiram a abstenção, pois não queriam romper com o governo. Em seguida, acabaram votando a favor da taxação dos aposentados, frustrando vários servidores em greve contra a reforma.

velho modo de governar
Há várias outras adesões em curso. Uma delas foi a dos dirigentes da tendência Ação Popular Socialista (APS) do Pará, que inclui o ex-prefeito petista de Belém, Edmilson Rodrigues, que implementou o “modo petista de governar”, defendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal e arrochando salários e reprimindo servidores. A direção do sindicato dos servidores da educação, por exemplo, da mesma corrente do ex-prefeito, colaborou com a sua política de arrocho, exatamente como a direção da CUT com o governo Lula. Por isso, é vista com desconfiança pela categoria. Agora esse grupo também está no P-SOL. Edmilson poderá ser o candidato do P-SOL ao governo do Pará e, caso seja eleito, veremos como será o “modo P-SOL de governar”.

Uma estratégia revolucionária
O PSTU não busca juntar os cacos para reconstruir uma estratégia reformista. Temos como estratégia a construção da revolução socialista. Por isso, priorizamos a luta direta do povo pobre, como mobilizações, greves e ocupações.

Não temos como eixo as eleições. Não achamos que a solução “viável” para os problemas do país se dá “por dentro” da democracia dos ricos. É necessário construir um partido cuja estratégia é superar o capitalismo, fazendo a revolução socialista.

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