Está chegando ao fim mais uma novela da Globo. Um de seus personagens centrais, o prefeito corrupto Reginaldo, expressa bem a imagem que a população tem dos “políticos”: um assaltante dos cofres públicos, com a chave do cofre.
Não são quaisquer ladrões, desses que roubam pequenas coisas. Eles desviam verbas públicas para “instituições de caridade”, dirigidas por eles mesmos, e recebem grandes quantias das empresas para votar desta ou daquela maneira.

Severino Cavalcante preside a outras centenas de Severinos, com a mesma vocação de rapina, a mesma disposição de ser subornado, sejam do PSDB ou do PT, do PFL ou do PDT, do PMDB ou do PSB. São dos mesmos partidos dos prefeitos que, recém-eleitos, aumentaram as passagens de ônibus em todo o país, renegando na prática suas promessas das campanhas eleitorais.

Ao contrário dos pequenos bandidos de rua, esses têm a lei a seu lado. Mais precisamente, eles fazem e votam as leis. Diferentemente da personagem da novela, os deputados e senadores não terão um final trágico nesta semana. Seguirão impunes decidindo os rumos da nossa vida.

Foram esses parlamentares que votaram a liberação, na semana passada, do plantio dos transgênicos no país, disfarçada na mesma lei que também autorizou a pesquisa com células-tronco.

São eles que vão decidir sobre a reforma sindical proposta pelo governo e pelas cúpulas da CUT e Força Sindical. Uma decisão que vai afetar profundamente a vida de milhões de brasileiros e brasileiras, que pode significar o fim de conquistas históricas dos trabalhadores.

Você confiaria que o seu direito a férias anuais fosse votado por Severino Cavalcante e seu Congresso de “Reginados”? O que você acha que eles vão votar, sabendo que o governo e as grandes empresas vão oferecer muito dinheiro a esses senhores para que apóiem essa reforma?

Apesar de tudo, porém, os deputados não conseguiram votar o aumento salarial como queriam. Uma onda de indignação varreu o país, e obrigou-os a recuarem.
É possível fazer o mesmo com a reforma Sindical? Sim, é possível. Se houver uma mobilização de massas importante no país contra a reforma, é possível derrotá-la.
A preocupação não pode ser a de tentar convencer os parlamentares de que a reforma é ruim, mas de mobilizar os trabalhadores contra ela.

A Conlutas começou uma campanha nacional contra a reforma Sindical e Trabalhista do governo. Serão realizadas plenárias em todo o país. Estarão sendo organizados também atos de Primeiro de Maio contra a reforma.

Do lado de lá, defendendo a reforma, estará o governo, os representantes da burguesia, a mídia… e as centenas de “Severinos” e “Reginaldos”. A luta já começou.

Post author Editorial do jornal Opinião Socialista 209
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