O imperialismo não é o único responsável pela situação dos países latino-americanos. Sua dominação é exercida por meio dos governos nacionais que atuam como verdadeiros “vice-reis” do império. São esses governos que garantem o pagamento da dívida externa e se submetem aos planos do FMI; que privatizam as estatais e entregam os recursos naturais; que atacam o salário e os direitos trabalhistas, reprimem as lutas operárias e populares e criminalizam os movimentos sociais. A imensa maioria dos países latino-americanos têm hoje regimes e governos de “democracia colonial” destinados a perpetuar essa situação.

Vários desses governos, como Menem e De la Rúa na Argentina, FHC no Brasil, Lozada na Bolívia ou Battlle no Uruguai não esconderam sua velha estirpe patronal nem seu caráter pró-imperialista. Por isso, foram varridos pelos trabalhadores e o povo, nas eleições ou nas ruas, sendo substituídos por dirigentes e partidos com um passado de luta (como Gutiérrez no Equador, Lula no Brasil ou Tabaré e os tupamaros no Uruguai). Mas as expectativas de mudança logo foram frustradas. Os novos governos são tão ou mais entreguistas que os anteriores. Seus líderes e partidos colocam todo o prestígio que gozavam junto às massas a serviço dessa tarefa. Muitas vezes, tornam-se pró-imperialistas mesmo antes de chegar ao governo, como Evo Morales, candidato presidencial do MAS boliviano, que disse que vai respeitar os contratos de entrega do gás e que assinará o Tratado de Livre Comércio andino com os EUA, caso seja eleito.

Assim, os presidentes e os partidos mudam, pela via eleitoral ou derrubados pela luta popular, mas os seus sucessores parecem “clones” dos anteriores. Em matéria de entrega ao imperialismo, são basicamente iguais aos antigos “vice-reis” e “administradores coloniais”.

O pior exemplo disso é que vários presidentes (Lula, Kirchner e Tabaré) agem como um braço armado auxiliar do imperialismo, enviando tropas para ocupar o Haiti. Nesse país, um contingente de 1.200 soldados brasileiros comanda um exército disfarçado de “tropas de paz da ONU” junto com soldados argentinos e uruguaios. Como qualquer exército de ocupação, essas tropas reprimem e violam os direitos humanos do povo haitiano. Temos que exigir sua retirada imediata!

Não se pode lutar contra o imperialismo sem lutar, ao mesmo tempo, contra seus agentes no continente: os governos da democracia colonial e as burguesias nacionais. A luta contra Bush é também a luta contra Lula, Kirchner, Tabaré, Rodríguez, Uribe, Palacio, Lagos, Toledo…
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