Conlutas faz sua primeira reunião nacional após o ConatEngana-se quem pensa que os desafios expostos no Congresso Nacional dos Trabalhadores (Conat) estão encerrados. Pelo contrário, foi apenas o ponto de partida para a estruturação nacional e fortalecimento da coordenação. Um mês depois do Congresso, diversos sindicatos, movimentos e oposições, nacionais e de base, se reuniram nos dias 5 e 6 em São Paulo para apontar os próximos passos da rescém-fundada entidade.

Balanço do Conat
Participaram do congresso cerca de 210 entidades sindicais, além de dezenas de oposições, movimentos e organizações estudantis. As entidades avaliaram que, apesar dos erros cometidos pela inexperiência de organizar eventos deste porte, o congresso foi extremamente positivo. Um ponto bastante ressaltado foi o fato do Conat ter resgatado a tradição de congressos amplos, democráticos e de base, há muito abandonada pela CUT.

Além disso, a organização do Conat deu um verdadeiro exemplo de independência, não só de classe, mas, sobretudo, financeira. Todos os gastos com a estrutura do evento e das viagens das delegações foram pagos pelas entidades dos trabalhadores ou através de arrecadações próprias.

No entanto, o que caracterizou a avaliação das entidades foi o entendimento de que o Conat foi um evento histórico da classe trabalhadora, por construir uma entidade nacional alternativa à CUT. “Foi uma vitória muito importante, um marco histórico para a reorganização dos trabalhadores”, avalia Dirceu Travesso, do Movimento de Oposição Bancária de São Paulo e da direção do PSTU.

A organização espera finalizar o caderno de resoluções do Conat até a segunda quinzena de junho. A coordenação também publicará uma revista especial sobre o congresso, com reportagens e as principais resoluções do evento. Outro importante material de registro do congresso são os vídeos que a Conlutas disponibilizará em breve.

Impulsionar as mobilizações
Entendendo que a Conlutas deve se construir nas lutas, as entidades discutiram principalmente a necessidade de a entidade impulsionar as principais mobilizações dos trabalhadores no segundo semestre.

Neste sentido, foi reforçada a campanha de lutas contra o Super Simples que, na opinião de Travesso, “é uma antecipação da reforma trabalhista que pretende destruir os direitos históricos dos trabalhadores como 130 salário e férias. Derrotar esse projeto vai ser um dos maiores desafios da recém-fundada entidade”.
Para potencializar a campanha, Travesso explica que “foram impressos um milhão de panfletos, explicando o nefasto caráter do Super Simples e também para divulgar o surgimento da Conlutas”.

Foi apontado como extremamente necessária a reprodução em todo o país de exemplos de unificação das lutas, como as mobilizações dos servidores públicos em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Outra campanha a ser impulsionada é a luta contra as demissões da Volks e GM. Apesar das diferenças com a CUT, tal como sua posição vacilante diante dos anúncios das demissões, a Conlutas está chamado a unidade dos metalúrgicos contra a precarização das condições de trabalho e o desemprego.

Outro exemplo significativo desse esforço foi o ato unificado realizado pelo MTST (Movimento dos Trabalhado-res Sem-Teto), Must (Movimento Unificado dos Sem-Teto) e MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), em São Paulo, no dia 31 de maio. Os movimentos realizaram um ato na Praça da Sé contra a criminalização dos movimentos sociais.

Dia de luta
O próximo dia 21 será um dia de luta de extrema importância. Em São Paulo, será o dia de mobilização unificada dos servidores estaduais. Em Belo Horizonte, os servidores municipais realizarão manifestações. O desafio agora é unificar essas lutas.

Uma orientação aprovada na reunião foi a realização de atos em todos os estados em frente a uma concessionária da Volks ou da GM, para protestar contra os ataques dessas empresas aos operários.

Também no dia 21, a Conlutas, junto com outras organizações sindicais, entregará uma carta aberta aos parlamentares em Brasília contra a aprovação do Super Simples.
Outra ação decisiva da coordenação neste dia é a Campanha pela Anulação da Reforma da Previdência. A Conlutas entregará o primeiro lote de assinaturas do abaixo-assinado à Procuradoria Geral da República. Portanto, é fundamental que as entidades enviem as assinaturas recolhidas para a sede da Conlutas até o dia 16 de junho.

Estruturar a Conlutas nos estados
Além dessas campanhas, outras como a campanha contra a dívida pública e a que reivindica aumento real do salário mínimo já contam com cartilhas explicativas. O desafio é massificar as cartilhas para explicar aos trabalhadores o que está em jogo.

O Conat, vê-se, não foi o ponto de chegada, mas apenas a partida para formação da Conlutas como a alternativa real de luta. As enormes tarefas que se apresentam, no entanto, só serão realizadas com uma forte estruturação nos estados. “O desafio agora é estruturar a Conlutas nos estados, apoiando e impulsionando as mobilizações”, finaliza Travesso.
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