“Os metalúrgicos sabem quando uma ferramenta está gasta e é preciso forjar uma nova“. Com esta frase, Toninho, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região defendeu a desfiliação do sindicato da CUT. A multidão que lotou a rua em frente ao Sindicato aplaudiu. E votou. Dos cerca de 600 operários, apenas 20 ergueram os braços para que o Sindicato continuasse filiado à CUT.

Ao final da assembléia, a maioria gritou o nome da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) e o coro “Eu, eu, eu, a CUT já morreu“, enquanto assistia a logomarca da central governista na entrada do sindicato ser tampada por um pano preto. Como disse o presidente licenciado do sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha, “Os metalúrgicos daqui não aceitam mais usar mais o símbolo de quem está nos traindo“.

Mesmo com o entusiasmo, foi uma assembléia tranquila, resultado de um debate democrático que tomou conta das fábricas nas últimas semanas, em diversas reuniões. A diretoria do Sindicato, integrada por muitos diretores do PSTU, defendeu nestas assembléias a desfiliação da CUT governista e a construção da Conlutas. Na Philips, na GM e nas prinicipais empresas, foi ficando clara a revolta com o rumo que a CUT tomou. Esse foi o tom, por exemplo, das diversas assembléias na General Motors, que chegaram a reunir seis mil trabalhadores.

Na última semana, o presidente da CUT, Luiz Marinho, visitou fábricas da região, para tentar evitar o inevitável. Não conseguiu, como lembrou Mancha na assembléia: “Os operários não escutaram Marinho quando ele defendeu o banco de horas, não escutaram quando defendeu os acordos nas Câmaras Setoriais, não vão escutar agora“.

Marinho não foi à assembléia, mas mandou seu representante, o metalúrgico Tavares, da chapa derrotada ao sindicato e também da Articulação Sindical. Ao contrário do que aconteceria em outros sindicatos, ele pôde defender suas posições, com o mesmo tempo da atual diretoria. Foi ajudado pela Alternativa Sindical Socialista e pelo Fortalecer a CUT, que tentaram passar a idéia de que a desfiliação era um rompimento com a unidade e um isolamento. Mancha respondeu: “Queremos unidade sim, mas com quem quer lutar. Vocês estão defendendo a unidade com quem está traindo, com quem não quer lutar. Vamos à unidade. Venham para a Conlutas“.

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