Os Malvados estão muito próximos de atingir o significativo número de mil tirinhas. Para muitos a tirinha em quadrinhos mais escrachada e criativa do Brasil, Os Malvados tem muitas histórias para contar nesse bolo de quatro dígitos.

Do início deliberadamente tosco e incandescente ao estágio cult atual, muita coisa boa aconteceu. Os Girassóis anônimos, sacanas, mal desenhados e desbocados abalaram as concepções pequeno-burguesas.

O ditador Emir Saad, perverso e lúcido, jogou titica no ventilador da falsa democracia, a democracia de mercado. O Zirguistão eclipsou a Terra Prometida, fazendo Tomás Morus se debater no túmulo, e enterrou, com prazer, a pomba da paz-apenas-para-os-ricos. Os Cadernos redefiniram as relações (des)humanas, cínicas, para não dizer sórdidas.

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Não satisfeito com esse rol de arrepiar, o criador André Dahmer ainda se deu ao luxo de satirizar um dos mais recônditos cantos da Humanidade, perturbando o juízo (ou seria a loucura?) dos cristãos e escrachando os Apóstolos! Certamente, os malvados não são lidos pelo Papa Bento XVI.

Tudo isso sob a égide dialética das três bandeiras auto-excludentes do Capitalismo/Socialismo/Anarquia. Na primeira, o capitalismo, temos, entre outros, o livro já lançado com uma seleção de mais de 300 tirinhas e as impagáveis camisetas, na tentativa desesperada de sustentar aquele que se auto-intitula o segundo quadrinista mais faminto do Brasil, à frente apenas de Alan “Vida de Estagiário” Sieber. Da segunda (socialismo), basta dizer que é a seção dos “brindes vagabundos”. Na anarquia, pelo menos, temos vários “links perigosos”. Puro bom humor, inteligente e sagaz.

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Não podemos concordar com todos os temas, ainda que o humor e a criatividade estejam sempre lá. Algumas tiras acabam, ainda que pelo excesso de escracho, caindo num certo preconceito.

O vigor e a fartura de Os Malvados são o resultado da acidez do texto vigoroso e penetrante, somados à forma divertidíssima, mesmo quando secundária, dos desenhos e ao tom político sempre presente. Que mais se poderia querer de historinhas em quadrinhos?

Uma dose regular de Malvados, porém, e ninguém será mais o mesmo.