Uma luta que tem no governo federal um de seus maiores inimigos. Desde que assumiu o governo, Lula tem dito que nunca se fez tanto no Brasil em defesa da população negra. Uma farsa digna de ser comparada à idéia de que o 13 de maio significou a libertação definitiva.

Qualquer uma das poucas “migalhas” que o presidente tenha oferecido em troca da cooptação do movimento negro (veja artigo abaixo) desintegra-se perante o fato que faz de Lula, do PT, do PCdoB e dos demais aliados agentes diretos da opressão racial – a submissão ao sistema capitalista.

O líder negro norte-americano Malcolm X teve uma trajetória polêmica na luta contra o racismo, mas ele deixou um ensinamento unânime: “Não há capitalismo sem racismo”. Conseqüentemente, não há como combater a opressão racial sem entrar em confronto com a ditadura do capital.

As razões são várias, a começar pela necessidade inerente de um sistema que se baseia na manutenção dos privilégios de alguns poucos, e na miséria de milhões, de manter uma enorme massa de trabalhadores e trabalhadoras desempregados, no mercado de reserva, ou empregados com salários vergonhosos.

A opressão e a marginalização servem ao lucro. Em nome dele os capitalistas utilizam-se das diferenças étnicas e raciais para superexplorar negros, no Brasil; migrantes, na Europa; latinos, nos Estados Unidos, etc.

Algo verdadeiro nos dias de hoje. Se é inquestionável que toda política neoliberal tem como objetivo atacar a classe trabalhadora e a juventude, também é fato que elas têm conseqüências ainda mais desastrosas na vida daqueles que há séculos vivem na marginalidade social.

Cortes de direitos, privatizações, submissão da educação à lógica do mercado, terceirização, precarização do emprego e tudo mais que caracteriza o neoliberalismo (e o governo Lula) têm ampliado o abismo racial pelo mundo.

Algo que ficou claro com as privatizações. Em pesquisa realizada na década de 90 pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, foi verificado que apenas 1% dos trabalhadores do sistema financeiro paulista eram negros. Nos bancos públicos o índice subia para 4%. Uma taxa ridícula, mas que revela uma enorme distorção resultante de uma asquerosa prática dos patrões: nos concursos públicos não é utilizado o critério da “boa aparência”. Algo que segue inalterado. De acordo com o Ministério do Trabalho, nos quatro maiores bancos de São Paulo nada menos do que 92% dos funcionários são brancos.

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