O que há de comum entre os processos revolucionários do Equador e da BolíviaOs governos de Lúcio Gutiérrez e Carlos Mesa são muito parecidos. Eles surgiram, direta ou indiretamente, como resultado de processos revolucionários ou de uma revolução; governam nesse marco, o que os enfraquece. Gutiérrez foi claramente um governo de frente popular: um governo burguês integrado por dirigentes e organizações operárias e populares. Mesa, ainda que diferente na forma, era igual em conteúdo, porque o MAS, de fato, era o principal apoio do governo. Normalmente, o imperialismo e as burguesias nacionais preferem evitar esse mecanismo, mas, em determinadas situações, apelam a eles para que as próprias direções do movimento de massas ajudem a desmontar ou amortecer os processos revolucionários existentes.
Finalmente, ambos os governos aplicaram políticas pró-imperialistas iguais ou piores às de seus antecessores. Gutiérrez levou a fundo a dolarização e o pagamento da dívida externa. Mesa manteve a privatização e a entrega dos hidrocarbonetos. Mas isso reaviva a luta do movimento de massas que, passada a confusão ou as expectativas iniciais, começa a enfrentá-los. Em ambos os casos, essa luta obrigou os dirigentes e organizações operárias e populares a saírem do governo ou retirar seu apoio. Assim ocorreu com a CONAIE e o PCML no Equador e com Evo Morales e o MAS.

Nesse ponto, esses governos passam a ter uma debilidade extrema, sem nenhum poder político ou base social próprios. Em grande medida, ficaram “flutuando no ar”, em meio da batalha das forças sociais e econômicas, e depois foram derrubados.
Outro ponto em comum entre ambos os países é que, já que a burguesia e o imperialismo não conseguem impor sua “ordem” nem os trabalhadores e as massas conseguem avançar para uma saída própria, os processos revolucionários boliviano e equatoriano entram em uma dinâmica recorrente, de repetição de situações de confronto.

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