Existe uma primeira tarefa da resistência, ampliar a luta a todos os setores que ainda não se mobilizaram ou estão em dúvidas, fortalecendo assim sua base social.
Ao mesmo tempo, nessas semanas de luta, ficou claro que a “resistência pacífica” não é suficiente para derrotar os golpistas. Para triunfar, é necessário superar esse limite que, até agora, Zelaya conseguiu impor.

Por outro lado, nunca na história se conseguiu derrotar um golpe ou uma ditadura militar através de métodos pacíficos, em que as massas enfrentam formações militares ou policiais especializadas.

Pelo contrário, além do heroísmo já demonstrado pelas massas hondurenhas, sempre foi necessário um endurecimento e uma radicalização dos métodos de luta (incluindo o aspecto militar do confronto e a defesa armada das massas e suas mobilizações), além de uma ação para dividir e debilitar a “frente militar” dos golpistas. Na maioria dos casos, as massas também devem superar a política conciliadora com os golpistas da direção burguesa.

Ainda é fresca a lembrança da derrota do golpe militar na Venezuela, em 2002. Mesmo em condições piores dos que as hondurenhas (claro apoio do imperialismo ao golpe, prisão de Chávez etc.), as massas venezuelanas cercaram o palácio Miraflores, foram aos quartéis obter armas e dividir os militares e formaram os “círculos bolivarianos” para deter o golpe.

Essa insurreição superou os limites impostos pela política de Chávez e permitiu que, em menos 48 horas, o golpe fosse derrotado, obrigando os golpistas a trazer o presidente de volta ao poder. É muito importante tirar algumas conclusões sobre quais foram as ações que permitiram o triunfo das massas venezuelanas.

No caso de Honduras, enquanto Zelaya continua sendo a direção política dos setores majoritários das massas, o comando cotidiano da luta está nas mãos da Frente da Resistência ao Golpe de Estado, que agrupa diversas organizações políticas, sindicais e sociais. A Frente tem recusado a proposta do Plano Arias, mas, ao mesmo tempo, até agora não marcou uma clara diferenciação com Zelaya, nem superou os limites que este impôs à resistência.

A LIT-QI chama a intensificar a mobilização nacional e internacional contra o golpe. É imprescindível a organização classista independente das massas para lutar a fundo contra o golpe e derrotá-lo. A Frente da Resistência está realizando uma convocação de “Boicote contra a ditadura militar-empresarial de Roberto Micheletti”. Apoiamos essa proposta e pensamos que ela deve se concretizar na exigência de que os governos rompam relações com o governo golpista. Mas a exigência do boicote econômico deve incluir principalmente os Estados Unidos e os países da América Central, como El Salvador.

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