A tarefa agora é organizar e garantir, pela base, um evento vitorioso
Diego Cruz

De 3 a 6 de julho, ocorre o I Congresso da Conlutas em Betim (MG). Nessa edição do Opinião apresentamos algumas das principais discussões que devem nortear esse evento que promete entrar para a história“O nosso sindicato não nos representa, representa o patrão. Mas a Conlutas está presente na nossa greve, organizando os trabalhadores”. A fala é do operário Jackson, representante dos trabalhadores em greve da Revap. Ela foi dita na reunião nacional da Conlutas, realizada nos dias 8 e 9 de junho, e expressa a importância da Coordenação no atual processo de reorganização.

Enquanto fechávamos esta edição, os trabalhadores da Revap chegavam ao seu 25º dia de greve. Sem o apoio do sindicato, ligado à CUT, os operários terceirizados de refinaria se organizaram, passaram por cima entidade, e impulsionaram uma das maiores greves da região. O único apoio que encontraram foi na Conlutas.

Algo parecido ocorre na categoria de rodoviários de Fortaleza (CE). Desamparados, os motoristas e cobradores recorreram à Conlutas como única alternativa para suas lutas. Dois anos após o congresso de sua fundação, a Coordenação firma-se como o setor mais avançado no processo de reorganização.

Agora vem o 1º Congresso
A pouco mais de três semanas para o I Congresso da Conlutas, a tarefa agora é organizar e garantir, pela base, um evento vitorioso. Esse foi o objetivo da última reunião nacional da Conlutas. Realizada em São Paulo, a reunião esquentou os motores para o Congresso. Estiveram presentes 180 sindicalistas de todo o país, representando 36 sindicatos, 20 oposições, duas minorias, 19 movimentos sociais e duas entidades estudantis.

Tudo leva a crer que Betim será bem maior do que o Congresso de Sumaré (SP). Até agora foram inscritos 3.304 delegados. Muitos ainda faltam ser inscritos. A organização do congresso acredita que o número de delegados possa chegar a 4.500. Vale lembrar que, no Conat, participaram cerca de 2.700.

Se por um lado os números indicam mais uma vitória, por outro, as tarefas não são menores. Os ativistas têm o grande desafio de garantir, na base, a discussão das diferentes propostas que serão levadas ao Congresso. E não serão poucas. Expressando a variedade de pensamento e posições no interior da Conlutas, cerca de vinte teses foram inscritas e publicadas num caderno para o debate.

Não é menos importante também as campanhas financeiras para garantir a ida dos delegados. Se hoje a Conlutas vem se firmando enquanto uma alternativa para os trabalhadores, é porque mantém como um princípio a completa independência de classe. Inclusive financeira.

Debates
A reunião que antecede o Congresso refletiu um pouco do que serão os quatros dias em Betim. Diferentes posições e propostas de resoluções sobre os mais variados temas, de conjuntura internacional até o próprio caráter e natureza da Conlutas, serão intensamente debatidos. Algumas posições são polêmicas. Como o caráter de governos como o de Chávez ou de Evo Morales na Bolívia, assim como a posição dos trabalhadores diante desses governos.

O que vai se firmando como consenso é a necessidade de se organizar e impulsionar um plano de lutas que unifique as mobilizações das diferentes categorias e movimentos. Assim como um programa comum que enfrente a inflação dos alimentos e que coloque a luta por salário.

Assim como mostrou esse primeiro semestre, as campanhas salariais ganham um peso cada vez maior, à medida que a inflação corrói os salários. Principalmente dos setores mais explorados.

“As campanhas salariais tomaram uma proporção impressionante. Os alimentos aumentam e o salário é arrochado. É preciso organizar um plano de lutas que ordene essas mobilizações”, afirma Atenágoras Lopes, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém (PA).

Post author Diego Cruz e Eduardo Almeida, da redação
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