Redação

Era madrugada de 18 de agosto de 1936. Um mês antes, havia estourado a Guerra Civil Espanhola. Detido desde 16 de agosto, García Lorca foi retirado de seu cárcere improvisado, colocado num caminhão e levado a uma estrada. Antes de amanhecer, ele morreu fuzilado pela Falange Franquista. Federico García Lorca foi um dos maiores expoentes da literatura e da dramaturgia de nossos tempos.

Declaradamente socialista e ateu, foi também perseguido por sua homossexualidade. Foi acusado de ser espião russo e homossexual. Sua prisão, em 16 de agosto, foi ostensiva. Envolveu homens armados que cercaram o local em que estava, incluindo muros e telhados. Era para servir de exemplo a qualquer um que se colocasse ao lado dos revolucionários. Ele já havia rodado a América com sua obra, então, e fundado o grupo de teatro La Barraca. Conta-se que todas as tentativas de salvá-lo foram em vão, mesmo por parte de amigos influentes que sequer concordavam com suas posições políticas, como Salvador Dalí, dito franquista.

Já em evidência como célebre artista e por suas amizades, suas frequentes declarações contra a opressão e as injustiças sociais fizeram dele um inimigo do que havia de mais reacionário na Espanha e no mundo. Numa entrevista ao jornal La Voz, em 7 de abril de 1936, declarou: “O mundo está preso ante a fome que assola os povos. Enquanto houver desigualdade econômica, o mundo não pensa. Eu tenho visto isso. Vão-se dois homens pelas margens de um rio. Um é rico, outro é pobre. Um está de barriga cheia, e o outro suja o ar com seus bocejos. E o rico diz: ‘Oh, que barco mais lindo se vê na água! Olhe, olhe você o lírio que floresce na margem’. E o pobre reza: ‘Tenho fome, não vejo nada. Tenho fome, muita fome’. Natural. No dia em que a fome desaparecer, vai se produzir no mundo uma explosão espiritual maior do que qualquer uma que a humanidade tenha conhecido. Nunca, jamais, poderão imaginar os homens a alegria que explodirá no dia da grande revolução. Não é verdade que estou falando em socialismo puro?”.

Em sua obra, traduz a cultura e os costumes da sociedade do interior da Espanha: a fala, o folclore, a música. Por essa temática, García Lorca consegue expressar e fazer refletir o que há de mais profundo e inquieto na mente humana, como amor, morte, luto, desejos. Também passeou pelo surrealismo no período em que viveu na América. Ao mesmo tempo, nunca deixou de defender o papel social do artista. Dizia que o artista podia “por em evidência morais velhas ou equivocadas”. Pode-se dizer que buscou extrair o máximo de sua capacidade criativa. Tarefa na qual parece ter obtido êxito.

Seu assassinato detonou manifestações revolucionárias no campo da arte. A data de sua morte não é certa. Alguns historiadores apontam como 19 de agosto. Seu biógrafo, Ian Gibson, supõe que foi na madrugada de 18 de agosto de 1936. Nos documentos oficiais de Granada, consta que Federico García Lorca “faleceu no mês de agosto de 1936 em consequência de feridas produzidas por feito de guerra”.

Para conhecer melhor Federico García Lorca e sua obra, visite: http://www.garcia-lorca.org

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