Resultado importante consolida oposiçãoNesta segunda-feira, 28 de janeiro, ocorreram as eleições para o Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí (RJ). A apuração dos votos deu a vitória à chapa 1, da atual diretoria do sindicato, dirigido pela Articulação Sindical. A chapa 1 obteve 57% dos votos, contra 43% conquistados pela chapa 2 – Oposição Conlutas. A diferença entre as chapas foi de apenas 152 votos.

Apesar da derrota eleitoral, o sentimento entre muitos dos que acompanhavam a apuração era de vitória e dever cumprido. Isso porque o resultado consolidou e fortaleceu uma oposição na cidade responsável pela maior parte da produção da indústria naval do país. Após mais de uma década com uma direção aliada dos patrões e dos governos, a categoria metalúrgica pôde contar com uma alternativa classista, que fez uma campanha defendendo a independência política do sindicato e a retomada das lutas por salário e emprego.

Ataques à democracia e baixaria
O processo eleitoral foi marcado por todo o tipo de golpes por parte da direção do sindicato. Iniciou com uma assembléia fantasma, convocada para o dia seguinte ao Natal. A reunião, que durou poucos minutos, formou uma comissão eleitoral controlada pelo sindicato e marcou a eleição para um único dia. A partir daí, a Articulação tentou a todo custo impugnar a chapa de oposição, sem sucesso. E impedir o acesso desta ao processo eleitoral. A oposição só teve acesso à listagem de votantes ao final, não pôde indicar mesários e não teve voto na comissão eleitoral.

Além disso, a direção do sindicato impediu os trabalhadores do turno da noite de votar. Centenas de metalúrgicos dos estaleiros Promar e Mauá ficaram sem participar, pois entravam para trabalhar às 20h, 22h e 0h. O edital das eleições dizia que esses trabalhadores poderiam votar pela manhã, mas a eleição ocorreu após o domingo, dia de folga.

Onde houve votação, não havia cabines para garantir o sigilo de voto e houve casos de funcionários da área de Recursos Humanos acompanhando trabalhadores até a urna, em uma ação de constrangimento e coação.

Ao mesmo tempo em que impediu uma eleição limpa, a direção do sindicato iniciou uma campanha de calúnias contra os membros da oposição. Chegou a produzir um jornal inteiro dedicado a atacar os membros da chamada, que recebiam todo tipo de ofensas, de “vermes” para baixo. Da calúnia, partiram para a agressão. Poucos dias antes da votação, após xingar pelo microfone um membro da chapa que mora perto de um estaleiro, desceram do carro de som e iniciaram a agressão, que só parou quando moradores intervieram.

Além da campanha de calúnias individual, a Chapa 1 apostou no temor dos trabalhadores em perder o emprego. Em um setor que permaneceu por mais de uma década sem encomendas de navios e que vive uma recuperação, esse discurso encontrou eco. Nos jornais da chapa, a Articulação dizia que vitória da oposição traria a perda de empregos e a saída das empresas. Para eles, é proibido lutar.

Campanha contra demissões
“Mesmo se perdermos, o mais importante é nos mantermos unidos, construindo a oposição no dia seguinte do resultado”, dizia Paulinho, na convenção que formou a chapa e o indicou como candidato à presidente. A oposição já tem reunião marcada para esta semana, onde discutirá a campanha salarial e a campanha contra as demissões. Na semana passada, 70 metalúrgicos da Keppel FELS perderam o emprego, unindo-se aos quase mil que já haviam sido demitidos pela empresa.

Além da campanha para readmitir esses trabalhadores, a oposição já se prepara para um possível ataque das empresas. Afinal, para os donos dos estaleiros, é bastante incômodo ter um setor dos trabalhadores que defenda a luta e não aceite passivamente os ataques, como sempre fez a direção do sindicato. Alguns membros da chapa já estão sofrendo ameaças e é possível que sejam demitidos por conta da participação na campanha. Como sabem que não poderão contar com a direção do sindicato, a Oposição Metalúrgica e a Conlutas já preparam uma campanha contra essas demissões.