Uma grande farsa. É desta forma que a oposição à atual diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista classifica o argumento da Volkswagen para ameaçar demitir quase 6 mil trabalhadores no Brasil. A Oposição Metalúrgica apresentou uma moção ao conjunto de delegados do Conat onde denuncia a farsa orquestrada pela empresa. Os metalúrgicos também denunciam o governo Lula, que financia a empresa via empréstimos do BNDES e a maioria da direção do sindicato, que, embora critiquem o ataque da empresa, aceitam negociar a reestruturação.

Anunciado pela empresa no dia 3 de maio, o plano de reestruturação produtiva no país prevê 5.773 demissões nos próximos três anos. Apesar da Volks ter anunciado no início do ano um plano mundial de reestruturação, que previa um total de 20 mil demissões, sua direção no Brasil nega que as demissões no país faça parte desse plano.

A Volks põe a culpa no câmbio valorizado, que teria prejudicado as exportações da empresa e causado prejuízo. “Os argumentos da Volks são falaciosos, pois ela também se beneficia com o real valorizado, importando peças mais baratas e até mesmo carros para o mercado interno. Suas vendas internas também cresceram, e o câmbio valorizado permite que a empresa remeta mais lucros para fora”, afirma o metalúrgico da Volks de São Bernardo dos Campo e diretor pela oposição, Rogério Romancini, que também é delegado ao Conat.

Na verdade, a estratégia da empresa é impor demissões e maior precarização aos 24,5 mil operários brasileiros. A prova disso é que a Volks quadruplicou seus lucros antes mesmo do anúncio da reestruturação, jogando por terra o argumento de que a empresa estaria tendo prejuízos. No mundo, a Volkswagen e a Toyota são as empresas que mais lucram no mundo.

Apesar disso, a determinação direção da empresa é o fechamento de uma fábrica no país, terceirização de todos os setores produtivos, reduzindo em 25% o custo da mão de obra. Um trabalhador terceirizado tem um salário de 30% dos salários dos demais trabalhadores. No entanto, mesmo tendo lucros astronômicos a empresa ameaça demitir e continua recebendo financiamento do BNDES. De 1995 a 2005, o banco liberou para a empresa R$ 3,73 bilhões. A maior parte desse financiamento foi liberada durante o governo Lula, contabilizando R$ 1,95 bilhão nos último três anos.

Moção pede nacionalização da empresa
Rogério explica que a moção apresentada pela Oposição Metalúrgica ao Conat tem o objetivo de desmistificar a crise da Volks. Além disso, ela exige que o governo force a empresa a garantir a manutenção dos empregos. “Caso a empresa insista nas demissões, exigimos que o governo encampe e nacionalize a empresa”, afirmou Romancini. A moção ainda chama a unidade dos trabalhadores da Volks em todo o mundo para lutar contra mais este ataque.

Além da direção da empresa, os metalúrgicos têm que lutar ainda contra o governo Lula. O diretor da oposição explica que Marinho e o PT mantêm “relações carnais” com a atual diretoria da entidade, a ponto do ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, José Genoíno, ser chamado para dar aulas no sindicato, bem remuneradas, claro.

O governo enfrenta um profundo desgaste na base da categoria. O ministro Luiz Marinho, por exemplo, ex-diretor do sindicato, foi vaiado pelos metalúrgicos na última vez que em esteve na fábrica. Tudo isso mostra a incapacidade da atual direção lutar contra a empresa, uma vez que eles estão intimamente relacionados, como se revelou no escândalo de Marinho, então diretor do sindicato, que caiu na farra na Alemanha com despesas pagas pela direção da Volks.