Após seis meses de “enrolação”, finalmente ocorreram as eleições para a Comissão de Fábrica (CF) da Volkswagen do ABC paulista para a gestão 2007/2009A demora deveu-se ao foto de que a Artsind, corrente vinculada ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, está dividida por disputas internas nas maiores alas da fábrica (5 e 14). Assim, não poderia encaminhar as eleições antes de chegar a um acordo, pois perderia a maioria das comissões para a oposição. Depois de fechar um acordo com os seus desafetos e dividir os cargos, aconteceu o pleito.

Pouco mais de 50% dos operários participaram da eleição. Para a comissão de fábrica, votam todos os trabalhadores. Os encarregados, supervisores, cargos de chefia, diretores, etc. não têm direito a voto. Aproximadamente 9.500 trabalhadores estavam aptos a votar, mas apenas 4.800 participaram do processo. Esta foi uma das menores votações dos últimos anos.

Eleições mornas
A eleição deste ano não teve a mesma empolgação de outras passadas. Não houve vibração. Os trabalhadores estavam apáticos e não se envolveram na eleição. Essa apatia deve-se ao fato de que os trabalhadores estão perdendo a confiança na direção do sindicato. É comum os operários comentarem que “a comissão é da fábrica”, ou seja, do patrão, e que, dessa forma, não têm interesse em participar.

Ao contrário do clima geral, nas alas 2 e 4, dirigidas pela Oposição, a direção do sindicato jogou peso na campanha. A entidade distribuiu bonés, deslocou seus quadros dirigentes para a campanha – toda a coordenação do Comitê Sindical de Empresa (CSE) – e a coordenação da CF, além de ter contado com o apoio da empresa. Mesmo assim, perderam.

A oposição concorreu com quatro chapas, todas nas alas de produção, que representam 80% do total de trabalhadores da Volks.

Na ala 1 (estamparia), um acordo fez com que houvesse apenas uma chapa de situação concorrendo, que ficou com 410 votos. Uma oposição se manifestou com 127 votos nulos e brancos.

Nas alas 2 e 4 (armação da carroceria, solda e fechamento dos veículos), a oposição manteve a maioria dos votos. Foram 631 para a Chapa 2/Oposição contra 491 votos para a Chapa 1/Sindicato.

Na ala 5, responsável pela usinagem de peças, motores, câmbios, portas, capuz e tampas, a chapa do metalúrgico Reginaldo, apoiado pelo sindicato, obteve 913 votos. A Chapa 2/Oposição levou 301 votos.

Na ala 13, de pintura dos veículos, onde até hoje o ministro Marinho está lotado, manteve-se a tradição de 17 anos sem vitória para o sindicato. A Chapa 2 obteve 591 contra 278 votos da situação, menos de 30%

Na ala 17, setor de engenharia, foram 158 votos à oposição. O sindicato não concorreu. Na ala 14 (acabamento final dos veículos), maior ala da fábrica, a Oposição foi prejudicada já que os candidatos do sindicato estavam liberados enquanto os da Oposição estavam em trabalho. Além disso, Rogério Romancini, candidato, não pôde entrar na fábrica para fazer campanha. Foi permitido apenas que ele votasse e, assim mesmo, com um segurança acompanhando-o. Mesmo com esse favorecimento à Chapa 1, a Oposição obteve 524 votos contra 1.196 da situação.

Em números finais, a composição da comissão de fábrica ficou assim: 17 representantes para a chapa do sindicato e oito para as chapas de oposição. Já se somarmos os números de votos nas quatro alas em que a oposição disputou, teremos os seguintes números: 2.057 votos para oposição e 2.678 para o sindicato. Portanto, na produção, os trabalhadores continuam divididos entre lutar contra os empresários e o governo e aceitar a parceria com a empresa.

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