No dia 9 de junho, ocorreram as eleições da Apeoesp (Sindicato dos Professores de São Paulo). A eleição é dividida em duas partes, uma votação para a diretoria estadual da entidade, feita mediante chapas, e outra para o Conselho de Representantes, numa votação nominal por subsede.

A eleição desse sindicato, que é o maior da América Latina, teve seis chapas, porém o debate se polarizou em torno de duas. A Chapa 1 aglutinou os setores governistas (Articulação, CSC/PCdoB e Art Nova – dissidência da Articulação) e representou o atrelamento ao governo Lula e a submissão aos ataques de Alckmin. A Chapa 2 reuniu setores que se contrapõem a essa política, contrários às reformas do governo e dispostos a mudar o sindicato, trazendo-o para as lutas.

No resultado final, a Oposição obteve 28,51% de um total de 60.528 votos. A Chapa 1 situacionista ficou com 49,09%. A maior parte dos votos da Chapa 1 veio do interior, onde é prática comum a fraude nas eleições da Apeoesp. Na Grande São Paulo, quem venceu foi a Chapa 2 – Oposição, com 40,35% contra 30,91% da Chapa 1. Na capital, também foi vitoriosa a Oposição, com 44,54% contra 30,73%. No interior, em cidades onde existe eleição e disputa de verdade, a Chapa 2 também obteve vitória, ganhando em cidades como Ribeirão Preto, Barretos, Jaboticabal, São Carlos, São José dos Campos, Araraquara e Jaú.

A diretoria estadual é composta de forma proporcional, com a participação apenas das chapas que obtiverem mais que 10% dos votos, o que significa que as outras chapas não entrarão na proporção. A Chapa 1, que tinha 19 membros na diretoria executiva, fica agora com 17, e a Oposição, que tinha 7, sobe para 10 cargos.
Na prática, isso significa que os governistas não vão dirigir como antes esse sindicato. Significa que a disputa será constante e que, em cada assembléia da base, esse poder poderá ser questionado. Esta foi uma eleição ganha a qualquer custo por uma direção aparelhada, que encaminha o sindicato contra a vontade da categoria. Isto coloca o sindicato em constante disputa no próximo período e prova que a campanha da oposição foi uma grande vitória.

Tentativa de fraude
Assim como na capital e na Grande São Paulo, também na região Sudeste-Centro, uma das 92 subsedes da entidade, a categoria votou majoritariamente na Oposição Unificada – Chapa 2. Nessa região, a Chapa 2 obteve 45,89%, contra 40,7% da Chapa 1.

Nessa região, a rejeição da categoria à política implementada pela Chapa 1 foi tão significativa que o presidente reeleito da Apeoesp, Carlos Ramiro, o “Carlão”, não conseguiu sequer ser eleito em sua própria base para o Conselho Estadual de Representantes. Por isso, apesar da lisura e transparência no processo, a Chapa 1 está pedindo a recontagem dos votos de “Carlão”, sendo que as urnas estão sem lacres, numa sala da subsede cuja chave se encontra nas mãos da Chapa 1.

Quem ganhou?
Apesar da vitória eleitoral da Chapa 1, a maior vitória política foi da Oposição, que conseguiu dividir o debate e as urnas a ponto de estabelecer uma disputa que deve continuar após o fim do processo.

Os votos da Chapa 1 vieram às custas de fraudes e corrupção. Um exemplo é que, em Piracicaba, a Chapa 1 pretendia realizar no dia da eleição um café da manhã patrocinado pelo banco estatal Nossa Caixa, para tentar “conquistar” os votos da base. Como Lula, que está afundado em corrupção, a compra de apoios também é utilizada por seus amigos nos sindicatos.

Por outro lado, a categoria cada vez mais se posiciona contra o governo e as direções governistas. Frases como “Qual é a chapa contra o governo?, Quero votar contra o governo” foram ouvidas por quem acompanhou as urnas.

O crescimento político da Oposição traduziu um voto de oposição ao governo Lula, de defesa da abertura do debate sobre o papel da CUT. A Alternativa, que faz parte da chapa da Oposição, já integra a Conlutas e essas eleições expressam esse importante momento de reorganização.

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Post author Geraldinho, de São Paulo (SP)
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