O então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) estava ainda em seu primeiro mandato. O Brasil avançava na aplicação do projeto neoliberal, com a abertura indiscriminada da economia, privatizações, flexibilização das relações trabalhistas e desemprego crescente. Foi nesse difícil contexto que, em junho de 1996, surgiu o primeiro número do Opinião Socialista.

Num momento em que o imperialismo lançava uma violenta ofensiva ideológica contra o socialismo, até no nome o Opinião nadava contra a corrente. Durante dois anos, o PSTU editou o “Jornal do PSTU”, mas a consolidação do partido trouxe a necessidade de avançar para uma publicação com identidade própria.

Em seu número de estreia, o jornal justifica o nome adotado: “Opinião porque sempre traremos o ponto de vista da classe trabalhadora diante dos mais variados assuntos e acontecimentos. (…) Socialista porque defenderá a estratégia revolucionária de construção de uma sociedade onde os trabalhadores e os oprimidos se libertem da exploração e da tirania do capital e possam democraticamente governar”.

De FHC ao governo Lula
As primeiras edições do Opinião foram marcadas pela luta contra a política neoliberal do governo FHC. Na CUT, a batalha se dava contra a política de alianças da maioria de sua direção, enquanto o PT avançava cada vez mais para a direita. Era o momento de resistir.

A virada do século marcou também uma virada na luta de classes. Na América Latina, insurreições populares varriam as ruas contra o neoliberalismo. A falta de uma direção revolucionária, porém, abriu espaço para governos de frente popular, ou seja, governos de aliança entre partidos e organizações de esquerda com empresários e partidos de direita.

No Brasil, não foi diferente. Em 2003, Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder. As páginas do Opinião Socialista se abriram então à luta contra os ataques do governo, como a reforma da Previdência, em 2003. Explicando pacientemente por que o governo Lula não era um governo dos trabalhadores.

Da crise política em 2005 à crise econômica internacional que chegou ao país ao final de 2008, o Opinião Socialista foi uma voz de esquerda e independente, ao contrário da quase totalidade da esquerda, que passava de malas e bagagens para o lado do governo.

Um jornal leninista
Século 21, chegada das novas tecnologias, propagação da internet e das novas mídias, redes sociais etc. Por que manter, com tanto esforço, um jornal nesses tempos? Por que não fazer como tantos outros partidos que simplesmente migraram para a TV ou a internet? Afinal de contas, os custos são menores e as possibilidades de espalhar a informação, bem maiores.

O Opinião Socialista é herdeiro não só da história de luta de uma corrente que se manteve no campo dos trabalhadores. Herdou também uma concepção de jornal cujo objetivo não é o de apenas informar. É com o jornal que os militantes do PSTU discutem com os ativistas desde os rumos de determinada luta sindical, localizada, à estratégia socialista, mostrando os limites do capitalismo.

É com ele que se dá o contato direto com os milhares de trabalhadores e estudantes que estão cotidianamente nas lutas. Serve, assim, como uma ferramenta de construção na classe. E é justamente por isso que quase todos os partidos de esquerda abandonaram seus jornais. Limitam-se a ter sites sofisticados e investem milhões em propagandas de TV.

Isso ocorre porque esses partidos, como maior exemplo o PT, têm como único objetivo a disputa eleitoral, precisando somente divulgar seus candidatos. Adaptaram-se à lógica da democracia burguesa e abandonaram completamente a ideia de um partido constituído por militantes, ao mesmo tempo em que deixaram a luta pelo socialismo.

Tais princípios, porém, norteiam a atuação do PSTU. O Opinião Socialista expressa, assim, nossa própria concepção de partido e a estratégia socialista e revolucionária. E é por isso que você o está lendo neste momento, e é por isso também que você sempre continuará encontrando o Opinião Socialista nos piquetes, nas greves ou universidades.

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