Trabalhadores da Comperj, maior complexo petroquímico da América Latina, estão em greve desde o dia 9Em Itaboraí (RJ), operários de um gigantesco complexo petroquímico da Petrobrás cruzaram os braços reivindicando melhores salários e condições de trabalho e, à revelia do próprio sindicato, o Sinticom (Sindicato dos Trabalhadores da Construção e Montagem Industrial), ligado à CUT, realizam uma forte greve desde o dia 9.

São cerca de 15 mil trabalhadores envolvidos na construção do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), uma das principais obras do PAC e que compreende duas refinarias e uma plataforma petroquímica, prevista para começar a funcionar a partir de 2013. A área por enquanto é um enorme conjunto de obras tocadas por cerca de vinte consórcios e dezenas de empresas, o principal deles o Consórcio TEAG (Technt/Andrade Gutierrez).

Como também vem ocorrendo em outras obras do PAC, a revolta dos trabalhadores se dá não só pelos baixos salários, mas também pelos diversos abusos e desrespeitos aos direitos trabalhistas, como o não depósito do FGTS e o calote nas horas extras. A comida e transporte precários, assim como os alojamentos insalubres, também são motivos de reclamação dos operários, situação que transforma a obra num verdadeiro barril de pólvora.

Revolta
A mobilização que paralisa o Comperj não é de agora. É um processo que começou ainda em novembro passado, quando os trabalhadores do TEAG pararam exigindo reajuste e equiparação com os operários da refinaria Duque de Caixas (Reduc).

Em fevereiro último, data-base da categoria, uma assembleia definiu as reivindicações: 18% de reajuste sobre o piso de R$ 860 e R$ 380 de Vale-Alimentação. O sindicato e a comissão de base controlada pela entidade, no entanto, omitia qualquer informação sobre as negociações ao conjunto da peãozada, o que provocou ainda mais revolta.

Começou então a pipocar paralisações espontâneas e uma assembleia no dia 14 de fevereiro aprovou indicativo de greve, adiada por ação do sindicato e da Petrobrás.

Greve pela base
As empresas mantiveram-se intransigentes diante das reivindicações, oferecendo apenas 9% de reajuste. Em assembleia no dia 2 de abril, foi aprovado novo indicativo de greve. O sindicato conseguiu adiar em uma semana o início da paralisação, mas não impediu uma forte mobilização pela base que parou os canteiros da Comperj no dia 9.

Apesar de os trabalhadores terem baixado a reivindicação para 12%, a patronal continua intransigente. A greve, porém, permanece forte, mesmo com o pesado aparato policial nos canteiros. Nesse dia 11 houve uma reunião envolvendo o Sinticom, Sindpetro-RJ, representantes da CSP-Conlutas e o diretor de abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, que se comprometeu a levar as questões aos consórcios, mas até o fechamento dessa matéria não havia ainda nenhuma contraproposta.

“Os trabalhadores do Comperj, assim como fizeram os operários de Jirau e Belo Monte, estão dando um exemplo de mobilização”, afirma André Bucaresky, o Buca, diretor do Sindpetro-RJ e militante do PSTU. Tanto a CSP-Conlutas quanto o PSTU estão prestando solidariedade ativa à mobilização, participando dos piquetes, entrando nos ônibus para dialogar com os operários, apresentando propostas nas assembleias e distribuindo panfletos em solidariedade à greve.

“É lamentável que os operários estejam sendo tratados como semi-escravos pelas empreiteiras, com a conivência do governo Dilma e da Petrobrás, que faz vista grossa”, afirmou Ricardo Tavares, da direção do PSTU no Rio.

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