Trabalhadores comemoram pagamento dos direitos

Após seis dias, trabalhadores garantem pagamentos de direitos e dois meses de salários e terminam greveOs operários da fábrica Republic Windows and Doors, em Chicago, aprovaram o fim da ocupação da fábrica na quinta, dia 11 de dezembro, depois que o Bank of America e outros bancos se comprometeram a financiar os cerca de US$ 2 milhões necessários ao pagamento de indenizações, férias e seguros de saúde.

Melvin Maclin, vice-presidente da regional do sindicato EU (United Electrical, Radio and Machine Workers) estava eufórico. Apontando para o logotipo da companhia Republic Windows and Doors, Melvin afirmou, “Está vendo aquele letreiro ali em cima? Sem a gente, estaria escrito apenas ‘Republic’ porque nós é que fazemos as janelas [Windows] e portas [Doors]. Isto demonstra que se pode lutar – que temos de lutar”.

Os membros do sindicato haviam recebido a notícia de que a fábrica fecharia em menos de três dias — e que, ao contrário do que determina a lei, não receberiam sequer indenização. Para pressionar a empresa e conseguir o pagamento, no dia 5 os trabalhadores decidiram permanecer na fábrica, depois de que esta parou de produzir. Os trabalhadores de Republic desencadearam um movimento de solidariedade que os ajudou a obrigar a um dos maiores bancos do país a pagar os meses de salários e o seguro de saúde, apesar de que o banco não tinha nenhuma obrigação legal de fazer o pagamento.

O que começou como uma decisão de cerca de 250 trabalhadores se converteu rapidamente em um símbolo nacional de resistência operária diante da economia em crise. Centenas e centenas de sindicalistas de base e os funcionários — não apenas de Chicago, mas de todo o Meio Oeste — foram à fábrica para expressar sua solidariedade e levar doações de alimentos e recursos.

Sem dúvida, o apoio à luta na Republic ultrapassou as fileiras do movimento operário. Cristalizou o repúdio pelos US$ 700 bilhões de resgate econômico para Wall Street. Mesmo recebendo até US$ 25 bilhões dos contribuintes, o Bank of America — principal credor da fábrica — negou-se a financiar os 60 dias de salário devidos aos trabalhadores.

A imprensa se viu obrigada a repercutir a greve e publicou informações sobre como o Bank of América não liberava o crédito. Quando o sindicato UE decidiu fazer do Bank of America o alvo de uma manifestação no dia 10 de dezembro, cerca de mil pessoas se reuniram, mesmo com o pouco tempo de convocação. “Já que estamos aqui, no distrito financeiro, vamos fazer algumas contas”, disse o reverendo Gregory Livingston, da organização Rainbow / Push. “O Bank of America recebeu US$ 25 bilhões, o Citibank outros US$ 25 bilhões. Quanto os trabalhadores receberam? Zero”. Membros de uma dúzia de diferentes sindicatos estiveram ali, assim como estudantes, socialistas e grupos comunitários.

Algumas horas depois, na fábrica Republic, depois que os trabalhadores haviam aprovado o acordo, Bob Kingsley, diretor de organização da UE, avaliou a vitória: “Em um momento em que milhões de operários americanos se enfrentam com a crescente incerteza econômica, com mais e mais casos de injustiça, é necessário um claro símbolo da resistência. Os operários da Republic são a cara dessa resistência.”

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