O drama dos trabalhadores da Volkswagen após o acordo firmado entre o sindicato e a empresa tem levado muitos operários ao desespero, aumentando os casos de depressão e o número de acidentes de trabalho.

Os trabalhadores foram mais uma vez enganados pela direção do sindicato. Acreditaram no seu presidente, José Lopes Feijóo – bastaria se inscrever no PDV (Programa de Demissão Voluntária) que tudo daria certo. Porém, muitos trabalhadores que ganham em média R$ 4 mil foram se inscrever e receberam um “não” como resposta.
A empresa só está aceitando a inscrição no PDV dos trabalhadores com salários menores, pois o valor do pacote vai diminuir em fevereiro. Quando o valor for menor, vai ser a hora dos que ganham salários maiores.

Pressão para o trabalhador aderir ao pacote
A direção do sindicato achava que os trabalhadores iriam aderir ao pacote. No entanto, a adesão está muito aquém do esperado e a empresa agora está pressionando os metalúrgicos a aderir ao programa.

O argumento utilizado pela Volks é dizer ao operário que ele estava na lista dos 1.800 demitidos. Como está garantido no acordo que, se o número não for atingido, a empresa pode criar um PDI (Plano de Demissão Indicada), muitos trabalhadores, ao não verem alternativa, acabam aceitando a pressão.

A direção do sindicato não faz nada e só está preocupada em garantir a reeleição de Lula. Muitos saíram da fábrica para fazer campanha eleitoral, deixando o caminho aberto para a empresa atacar os trabalhadores.

Repressão aumentou após acordo
Após o acordo, qualquer ato, como atraso, ir ao médico, um olhar torto para o chefe, é motivo para suspensão e advertência. A chefia chegou a tomar os rádios dos operários na linha de produção.
A Volks está pressionando também os trabalhadores lesionados. “Isso é desumano”, afirma um trabalhador que não quis se identificar. “Trabalho há 15 anos na Volks. Estou doente da coluna e a empresa está me pressionando para eu pegar o pacote. Se eu sair não vou conseguir emprego lá fora, estou doente”.
Outro trabalhador que aderiu o pacote contou que já não agüentava mais a tensão. “Falei com a minha esposa e peguei o pacote, que se dane a Volks e esse sindicato pelego”, disse João F. da Silva, 20 anos na empresa.

Ódio aumenta contra a direção
Na fábrica, o ódio contra a direção do sindicato e a CUT aumentou. Na assembléia que fechou o acordo, antes de colocar a proposta em votação, o presidente do sindicato afirmou em tom para intimidar: “se a assembléia dividir, está rejeitada a proposta”. Pois bem, os trabalhadores dividiram-se e ele aprovou a proposta.

Como se não bastasse, a direção recusa-se a mostrar o acordo feito com a empresa. Vários trabalhadores desconfiam que haja mais pontos que não foram ditos na assembléia.“sindigatos pingados”, sem respaldo da categoria.

A FNP reafirma que defende a decisão das assembléias de negociar todas as cláusulas do acordo coletivo de trabalho que tenham reflexos econômicos. Por isso, mantém sua disposição de luta, de pressionar o governo e a empresa para negociarem. Somente a nossa mobilização poderá resolver esse impasse.

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