Trabalhadores exigem PLR maior e combate ao assédio moral. Empresa lucrou R$ 2,2 bilhões em 2008 e projeta lucro maior em 2009Os trabalhadores da unidade da Semp Toshiba em Manaus (AM) pararam a produção nesta quarta, dia 7 de abril. O motivo da paralisação são as reivindicações feitas pela categoria e que já se arrastam por nove meses.

Um breve histórico
Em 16 de julho de 2008, os trabalhadores da Semp Toshiba pararam a produção e se mantiveram mobilizados. Eles reivindicavam a PLR (Participação nos Lucros e Resultados), Plano de Saúde e Ampliação do Serviço de creche. Nesta época, a Oposição Sindical Metalúrgica editou o Boletim , para ajudar na mobilização e alertar os trabalhadores das traições da direção do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, ligado à CUT.

Fruto da mobilização em 2008, os trabalhadores conseguiram uma PLR de R$ 1.200, um feito inédito já que a empresa nunca havia pago a PLR. O acordo ficou estabelecido em R$ 600 na primeira parcela, mais R$ 200 caso as metas da empresa fossem alcançadas. O lucro de Semp Toshiba em 2008 foi de R$ 2,2 bilhões.

Esse acordo foi assinado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (CUT) sem o aval de uma assembléia da categoria. Os trabalhadores e a oposição, diante dos lucros da empresa, exigiam uma PLR de R$ 2.500.

Agora, em abril de 2009, nove meses depois da primeira paralisação, a Semp Toshiba apresentou sua projeção para 2009. Mesmo em meio a crise econômica, ela espera ter um lucro 10% maior do que em 2008. Munidos dessas informações, os trabalhadores não querem receber apenas os R$ 200 na segunda parcela da PLR de 2008. Querem no mínimo R$ 400 e mais estabilidade de um ano para todos os trabalhadores, plano de saúde, revisão das funções por conta do desvio de funções. Além disso, devido ao alto índice de casos de assédio moral, eles querem punições e um treinamento especial de “relações humanas” para todos os chefes. Esses são os pilares das reivindicações da greve, que já dura três dias.

Traições do sindicato, da CUT
O Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas se posicionou de forma vergonhosa na mesa de negociação, aceitando tudo que a patronal propunha e querendo forçar a Comissão de Negociação de PLR a aceitar as propostas da patronal. Todas as propostas feitas pelos patrões foram derrotadas na assembléia de greve, mostrando uma evolução na consciência dos trabalhadores em relação a primeira paralisação, em julho de 2008.

O sindicato já ameaça retirar-se da greve e das negociações. A Oposição Sindical Metalúrgica, da Conlutas, está apoiando a greve dos trabalhadores e fazendo o chamado para que o sindicato assuma a greve e deixe de defender os patrões.

A negociação continua e agora os patrões querem reunir-se apenas com o Sindicato dos Metalúrgicos, sem a presença da comissão de PLR eleita pelos trabalhadores. Até o fechamento dessa matéria, o impasse continuava. A Oposição Sindical Metalúrgica e a Conlutas acompanham atentamente e participam da greve com panfletos e prestando solidariedade e apoio aos trabalhadores da Semp Toshiba.