Redação

POR PSTU CURITIBA (PR)

No último dia 21, a fábrica da Renault no Paraná anunciou, de forma  unilateral, a demissão de 747 trabalhadores da planta de São José dos Pinhais. A justificativa foi a dificuldade da reação das vendas no mercado de veículos devido à crise gerada na pandemia do novo coronavírus, somada à resistência dos trabalhadores em aceitar ataques como as propostas contidas na MP 936 de Bolsonaro. Essa medida prevê a suspensão de contratos ou Plano de Demissões Voluntárias (PDV) e é “oferecida” pela montadora como “saída” para os trabalhadores.

As demissões atingem em cheio os trabalhadores e suas famílias, que perderam seu trabalho justamente quando a pandemia ganha força no Paraná. “O sentimento foi de decepção, porque quando entrei aí dei o sangue praticamente, obedecendo todas as regras e procedimentos da empresa. Fazia por merecer meu serviço, meu salário. Não foi nada de graça como querem dizer. Eles trataram a gente como se a gente fosse uma mercadoria. Usaram como queriam e agora dispensaram”, explica E., operário que completaria três anos de trabalho agora em agosto.

O trabalhador explica que tem uma filha que necessita de cuidados especiais de saúde devido a problemas respiratórios. Agora, sem emprego em plena pandemia, sua vida está à mercê da política assassina de preservação dos lucros da multinacional francesa.

No mesmo dia das demissões, em assembleia com o Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba e Região, os trabalhadores votaram por unanimidade a greve da categoria em defesa dos empregos por tempo indeterminado. “Todos os que estão aqui estão porque é uma luta justa. Todos os que estão nessa situação fizeram por merecer seus empregos e isso não é justo”, disse E., durante um protesto realizado no último dia 26 em frente à Assembleia Legislativa do Paraná.

A solidariedade dos trabalhadores está se mostrando no dia a dia da mobilização. Quem não foi demitido sabe que defender os empregos dos companheiros agora é essencial para impedir novos ataques.

 

MAMATA

Renault e a farra dos incentivos fiscais

A justificativa dada pela Renault para as demissões é tão absurda que sequer os deputados da base do governo da Assembleia Legislativa do Paraná conseguiram ignorar. “Se a Renault quer demitir seus empregados, ela tem de abrir mão dos incentivos fiscais que recebe”, disse um parlamentar. A verdade é que a Renault recebe um incentivo financeiro milionário há mais de 20 anos com isenção de impostos para operar na região.

Em 1997 a renúncia de ICMS foi de US$ 1,9 bilhão. Depois, em 2007, quando a isenção da época da instalação da fábrica chegou ao fim, foi promulgada a lei estadual 15426/2007 que garantiu a continuidade da isenção de impostos com a contrapartida da manutenção do emprego.

No orçamento de 2019, a renúncia para o setor automotivo do Paraná foi de R$ 997 milhões de reais (Gazeta do Povo, 1º/8/2018). Um escândalo! O silêncio do governador Ratinho Júnior (PSD) sobre as demissões até o momento o coloca ao lado da Renault no ataque aos trabalhadores.

Nos últimos anos, a empresa ganhou milhões com recordes de produção e vendas no Brasil e mercado sul-americano, mas quando a taxa de lucros da empresa é ameaçada, as vidas dos trabalhadores e de suas famílias simplesmente deixa de ter importância.

A empresa só aceita discutir a adição de valores atualizados de PLR às verbas rescisórias e reajuste da data-base sobre os salários. Trata-se de uma proposta indecente a quem precisa de emprego e direitos, como assistência médica, que devem ser garantidos a todos os trabalhadores e suas famílias como o mínimo que deveria ser garantido por uma multinacional que já ganhou tanto com o dinheiro dos impostos que os trabalhadores do estado do Paraná pagam em seu lugar.

 

NA LUTA

Resistência é exemplo para todos

A luta dos trabalhadores da Renault e a greve deflagrada no dia 21 de julho são um exemplo para todos os trabalhadores do Brasil. Mostra que existe sim um caminho contra os ataques de Bolsonaro e das multinacionais que faturam muito no Brasil.

A unidade e a luta de todos os trabalhadores das grandes empresas e do funcionalismo público são fundamentais nesse momento para a construção de uma forte greve geral em defesa da vida e da quarentena, com garantia de salário digno e condição de isolamento social a todos. Somente isso pode garantir que os trabalhadores possam sobreviver e manter empregos, salários e direitos.

– Pela readmissão imediata de todos os trabalhadores demitidos!

– Derrotar a política genocida de Bolsonaro e das multinacionais de demissão!