Empresa usa tragédia no Japão como desculpa para demitir trabalhadores no BrasilNo momento em que o Governo Dilma põe a culpa do aumento da inflação na elevação do consumo dos trabalhadores, a Honda, em sua fábrica de automóveis em Sumaré (SP), região metropolitana de Campinas, pretende demitir 1.270 operários, ou seja, 36,4% do total de 3.487 empregados.

Como se não bastasse o aumento da inflação que vem correndo os salários, o governo Dilma prepara novos ataques aos direitos trabalhistas. Por outro lado, os patrões, não satisfeitos com a sua elevada taxa de lucro, precarizam mais ainda as já péssimas condições de trabalho, chegando inclusive a demitir para aumentar a produtividade, ou seja, para produzir mais com menos operários e salários mais baixos.

A absurda justificativa da empresa
Utilizando como desculpas o terremoto, o tsunami e a irresponsabilidade do Estado no trato da energia nuclear no Japão, a montadora alega ter dificuldades para receber componentes que são fabricados em seu país de origem, precisando assim reduzir pela metade a produção (de 600 para 300 carros por dia).

Esta justificativa absurda, que se apóia numa tragédia natural e humana para demitir milhares de trabalhadores, não resiste aos dados mais elementares: os três modelos produzidos na planta (Fit, City e New Civic) custam mais de R$50 mil cada; a margem de lucro da fábrica é, em média, de 10% a 12% por veículo, segundo dados do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região. A receita é de mais de R$3 milhões por dia, conseguida graças a um absurdo ritmo de trabalho.

A proposta do Sindicato dos Metalúrgicos para a empresa é de que haja a redução da jornada de trabalho das atuais 8h diárias para 5h30min, e que se faça um rodízio mensal de férias em grupos de 400 trabalhadores. Desta forma se evitaria a paralisação de parte da produção, evitando também as demissões. A Honda não aceitou a ideia, pois isso significaria a redução da sua taxa de lucro.

Nenhuma demissão! Estabilidade no emprego!
Por conta do anterior, os trabalhadores da Honda iniciaram uma fortíssima greve na quinta-feira, dia 12 de maio, com apoio do Sindicato. Apesar disso, das primeiras 400 demissões anunciadas pela empresa, já foram oficializadas 280 demissões via telegrama. Outras fábricas da região, que fornecem peças para a japonesa, já sinalizam que farão o mesmo. Estima-se que o total de desempregados em toda a região, num efeito dominó, pode chegar até 10mil pessoas!

É preciso cercar os trabalhadores da Honda de Solidariedade. A única forma de impedir que a empresa imponha as demissões é, além da greve na Honda, mobilizar os trabalhadores todas as fábricas que são subsidiárias da empresa japonesa na região para construir uma luta unificada em defesa do emprego e pela redução da jornada sem redução dos salários.

O PSTU se une aos trabalhadores da Honda, aos trabalhadores das demais fábricas da Região Metropolitana de Campinas e ao Sindicato dos Metalúrgicos em defesa do salário e do emprego contra a ganância dos capitalistas e a completa omissão dos governos federal, estadual e municipal que querem jogar nas costas dos trabalhadores o preço da crise da Honda e de suas subsidiárias. Exigimos que o governo Dilma tome uma atitude para que a Honda não demita nenhum trabalhador!