Trabalhadores fazem passeata pelas rua da capital do Pará

Depois de três dias de forte greve, trabalhadores interrompem movimento, mas rejeitam proposta, continuam mobilizados e realizam nova assembleia no próximo dia 10Após iniciarem a greve no dia 1º de setembro, os operários da Construção Civil de Belém e região enfrentaram a dura truculência da patronal e da polícia da governadora Ana Júlia, do PT. Ao final do primeiro dia, 14 operários foram presos e 5 ficaram feridos.

Após a violência do 1º dia de greve, carros da polícia, micro-ônibus e um contingente de cerca de 50 homens foram mandados para garantir a “segurança” dos trabalhadores. Algo jamais visto na cidade. “Essa polícia toda devia tá atrás de bandido, e não atrás de trabalhador pai de família”, afirmou um operário.

A repressão ocorre também na Justiça. A patronal quer que seja decretada a abusividade da greve. Os operários em assembleia decidiram então suspender temporariamente a paralisação até que a Justiça julgue a legalidade do movimento. Até lá, os trabalhadores permanecem em estado de greve. Uma nova assembleia ocorre no próximo dia 10, quinta-feira.

A mídia a serviço dos patrões
A campanha feita pelo sindicato da patronal para criminalizar a greve dos operários da construção civil teve uma aliado fortíssimo: a mídia burguesa. As principais emissoras locais, a TV Liberal (filiada à Rede Globo), TV Record, SBT e TV RBA (filiada à Band) cumpriram um papel nefasto durante toda a greve, exibindo em seus telejornais, a nível nacional, os operários como baderneiros e vândalos.

A direção do sindicato descobriu que tinha gente infiltrada pelos patrões no ato do 1° dia de greve, para fazer arruaça e confusão. Isso gerou uma grande revolta e indignação dos operários que chegaram a expulsar a TV Liberal, a Rede Globo local, de uma avenida de Belém onde se encontrava mais de 2.500 operários. Essa campanha da mídia contra a greve acontece por uma razão: os grandes anunciantes dessas emissoras são exatamente os empresários do setor da construção civil.

Apesar de toda a campanha da imprensa, os operários contaram com o apoio da população, que durante os atos servia água para quem estivesse com sede. Outros sindicatos importantes de várias partes do Brasil mandaram notas de solidariedade à greve. A ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes- Livre), nova entidade do movimento estudantil, esteve presente com sua juventude nos piquetes ao lado dos operários, percorrendo as obras e mostrando o que significa a aliança operário-estudantil.

Companheiros valorosos de outros sindicatos estiveram no Pará. Nestor Bezerra, militante do PSTU e coordenador geral do sindicato dos trabalhadores da construção civil de Fortaleza, disse que “essa greve dos operários da construção civil do Pará fortalece a luta de todos os trabalhadores do país inteiro, pelo nível de mobilização, pela disposição para lutar contra os patrões, contra a polícia em busca de seus salários”.

Próxima assembleia
Os patrões, não satisfeitos, entraram na justiça para pedir a abusividade da greve, para que o sindicato pague multa e os trabalhadores sejam descontados pelos dias parados. A direção do sindicato dos trabalhadores chamou uma assembléia para definir como será os próximos dias.

Os operários, por unanimidade, decidiram reafirmar a rejeição da proposta de 5% oferecida pela patronal; suspender temporariamente o movimento grevista até que seja votada pela Justiça a legalidade da greve. Aprovou ainda o estado de greve e nova assembleia para o dia 10.