Dois operários foram baleados por seguranças no décimo dia do movimentoPelo terceiro ano consecutivo, os trabalhadores da construção civil de Fortaleza entraram em greve por melhores condições salariais e de trabalho. Nos últimos dois anos, a greve acabou em dissídio coletivo tendo a Justiça demorado seis meses para dar ganho de causa aos trabalhadores, o que os colocou em situação desfavorável financeiramente.

Este ano, ao invés de chegar a conclusão de que a greve não dá em nada, os trabalhadores iniciaram as paralisações, no dia 18, com mais disposição que nunca, deixando claro que não pretendem suspender a greve tão cedo. A patronal apostando na hipótese de desgaste ofereceu reajuste de somente 3% e se negou a negociar. A categoria exige 20% e a resposta veio com muita força e determinação e com um grau de politização bem elevado. No primeiro dia, mais de dois mil operários, de mais de 40 canteiros diferentes, engrossaram a `passeata do peão`. A greve se manteve forte nestes 10 dias, com atos e protestos de rua e com uma forte adesão.

Violência contra os trabalhadores
Em muitas obras, os patrões têm mantido a polícia nos canteiros para intimidar os operários. Na manhã desta quarta-feira, 27 de abril, a patronal mostrou a sua face repressora em uma obra na Aldeota, bairro de classe média alta da capital. Dois trabalhadores foram feridos à bala por dois seguranças contratados pelos empresários. Eles atiraram no piquete, quando este ameaçou entrar na obra para garantir que os trabalhadores pudessem participar da greve. Um trabalhador foi atingido na perna e outro no lado esquerdo do peito. O piquete não dispersou e exigiu que a polícia tirasse os pistoleiros algemados da obra, ou o próprio piquete entraria e os arrancaria de lá a força. Os pistoleiros foram presos e foi autuado o flagrante.

De que lado está Luizianne Lins?
Diante de uma greve forte e da repressão dos patrões e da polícia do governador Lúcio Alcântara, a prefeita Luizianne Lins, da esquerda do PT, não fez nenhuma declaração de apoio à greve. A prefeita, para fazer jus ao pretenso apoio que diz dar aos movimentos sociais, deveria em primeiro lugar, declarar publicamente apoio incondicional à greve do peão e colocar a máquina da prefeitura a serviço da mesma, garantindo não só o apoio material com a cessão de cestas básicas para os trabalhadores, refeições diárias aos grevistas e transporte coletivo, mas também apoio humano, colocando os guardas de trânsito da prefeitura e a própria guarda municipal a serviço da greve, defendendo os trabalhadores da repressão da polícia.

Ao se calar, a prefeita mostra que seu governo não é diferente do de Lula, que ataca os trabalhadores com as reformas do FMI. Uma destas reformas, a Sindical, prevê a criminalização dos movimentos sociais, acabando com o direito de greve e punindo os piquetes.

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