Patronal recua de sua intransigência e começa a negociar aumentoNo dia 10 de setembro, cerca de mil operários da construção civil do Pará estiveram reunidos em assembleia na sede do sindicato de Belém para definir os novos rumos da campanha salarial. Mais uma vez, por unanimidade, eles rejeitaram a proposta dos patrões, que oferecem apenas 5% de reajuste. Os operários mantiveram o estado de greve e aprovaram uma nova assembleia para essa quinta-feira, 17, no sindicato.

Uma nova greve pode ser deflagrada a qualquer momento. “Interrompemos o movimento grevista naquele momento para mostrar para patronal que não somos intransigentes e queremos negociar, mas não vamos abrir mão de nossos direitos nem aceitar um salário de migalhas”, disse Aílson Cunha, coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém.

Patronal recua
O medo de que uma nova greve aconteça e pare a capital novamente obrigou os patrões, mesmo a contragosto, a deixarem de lado a intransigência e começarem a negociar. Foi o que fez Antônio Carlos Fonseca, dono da construtora Del Rey, uma das maiores do Pará. Na semana passada, ele procurou a direção do sindicato para negociar o aumento dos operários da Del Rey.

A direção do sindicato e a direção da construtora reuniram-se e chegaram a um acordo de 10,4%, que foi aprovado numa assembleia pelos trabalhadores da Del Rey. Pelo acordo, o servente de pedreiro passará a ganhar R$ 530, e o profissional R$ 750, além de um aumento de 7% para as demais faixas e diminuição do desconto do vale-transporte em 3%.

Esse acordo mostra que os patrões podem dar um aumento maior do que os 5% que estão oferecendo para a categoria. Para Eduardo Visconde, diretor do sindicato e militante do PSTU, “este acordo é muito importante porque vai obrigar os outros empresários a dar um reajuste para a categoria neste patamar, além de motivar os trabalhadores a continuar brigando pelo aumento”.

Operários continuam mobilizados
Apesar do acordo com a construtora Del Rey ter sido importante e ter animado os operários, o sindicato da patronal, Sinduscom, continua intransigente e, até o momento, não se mostrou disposto a negociar. Isso mantém o estado de alerta dos trabalhadores.

Nesta quinta, 17, a assembleia da categoria pode definir a greve a qualquer momento e por tempo indeterminado. “Estamos em estado de greve e se a patronal continuar intransigente, paramos os canteiros novamente”, falou Cleber Rabelo, diretor do sindicato e membro da Conlutas.