“Foi a unidade dos sindicatos…”

“Eles sentiram a nossa força no dia 23.”

“Foi a greve de Barcarena!”

Ouvindo da categoria estas frases, nos dias 22, 23 e 24 de agosto, vários sindicatos de trabalhadores da construção civil do Pará aprovaram o fechamento do acordo coletivo 2007/2008 e saíram com um grande sentimento de vitória.

Tudo começou em abril. Após anos de fragmentação, sete sindicatos realizaram um seminário unificado e aprovaram uma pauta unificada para apresentar aos empresários. A partir disso, as assembléias dos sindicatos contavam sempre com a representação de outras entidades, e, seguindo a reorganização da classe trabalhadora no Brasil, os operários se incorporaram ao calendário de mobilizações apontado no encontro do dia 25 de março.

“Nós viemos pra lutar e estamos unidos em todo o Pará/Te cuida Patrão, te cuida Lula, pois esta Reforma eu vou barrar/Eu quero salário/Eu quero emprego/Senão, esta obra eu vou parar!”

Cantando este refrão, uma coluna operária e vermelha ocupou o primeiro ato de 1º de Maio e, no dia 23 de maio, cerca de 3.000 operários paralisaram suas atividades em Belém, enfrentaram a repressão policial da governadora Ana Júlia (PT) e, mesmo com 14 feridos a bala de borracha e outros pelos estilhaços de bombas e spray de pimenta, os operários conseguiram chegar à sede do sindicato patronal para entregar suas reivindicações. Depois, se incorporaram ao grande ato com as outras categorias que reuniram mais de 5.000 pelas ruas de Belém.

Em Barcarena, cidade que fica a duas horas de Belém, onde está instalado o Complexo Industrial Albras/Alunorte de extração, beneficiamento e exportação de alumínio, houve uma paralisação de três dias. Piquetes e Passeatas chegaram a reunir mais de 6.000 operários. No auge da luta, as três vias de acesso ao Complexo foram bloqueadas por quase três horas até a chegada da Polícia, quando a partir daí os manifestantes decidiram concentrar-se no portão principal da mineradora. As negociações estavam emperradas, mas após três dias de luta, os empresários retomaram a mesa de negociação e a paralisação foi suspensa.

Os empresários iniciaram as negociações oferecendo apenas 4% de reajuste, mas a força e a unidade desta categoria conseguiu arrancar um reajuste que varia entre 6% e 10%.

Para serventes, pedreiros, carpinteiros, ferreiros, pintores, etc., que representam 90% da categoria, os reajustes variaram de 8% a 10% e ainda conseguiram reduzir de 6% para 5% o desconto do vale-transporte. Em duas profissões (servente e meio-oficial) unificou-se o piso salarial no Estado inteiro.

No desfecho deste processo, já se somaram cerca de 15 sindicatos, além da Federação Estadual da categoria. Essas entidades decidiram manter a unidade, realizar um Seminário Unificado e participar da marcha à Brasília contra a reforma da Previdência, no dia 24 de Outubro.