No dia 21 de janeiro, ocorreram as eleições para a Comissão Interna para Prevenção de Acidentes (Cipa) da fábrica Móveis Província, situada na região de São José do Rio Preto (SP). Belmiro Mendes Bernardes, militante do PSTU, venceu com o maior número de votos entre todos os candidatos.

Um histórico de lutas
Ex-metalúrgico, Belmiro esteve presente em diversas lutas do setor operário brasileiro, dentre as quais se destaca a liderança na maior greve de ocupação da história do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região em termos de duração. Foram 105 dias que levaram os trabalhadores a uma grande vitória em defesa de seus direitos.

Durante a campanha, Belmiro defendeu a Conlutas, afirmando a necessidade de construção de um novo organismo de luta dos trabalhadores. Isso representa um passo histórico na luta de classes em nível nacional com o fim do ciclo CUT/PT e a falência destas organizações para a luta.

Redução da jornada sem redução de salário, melhores condições de saúde, transporte e qualidade de vida foram as reivindicações colocadas em nome dos trabalhadores. Além disso, foi afirmada a necessidade da mobilização permanente dos trabalhadores para que, mais do que Cipas combativas, aconteçam nas fábricas eleições de delegados sindicais e de comissões de fábrica, visando aproximar os sindicatos da categoria, também com cursos, palestras e assembléias regulares e democráticas. Só assim será possível conseguir novas conquistas para os trabalhadores e garantir as já existentes como férias, Fundo de Garantia, aposentadoria, 13º salário e licença-maternidade.

Represália
Infelizmente, após a vitória nas eleições, a empresa iniciou uma perseguição implacável ao operário, buscando reprimir qualquer luta por melhores condições de vida. Muitos meios foram utilizados pela empresa para impedir a atuação do cipeiro, inclusive ameaças.

Ao não conseguir resultado com perseguição, intimidação e repressão, a última manobra da empresa foi demitir por “justa causa” o empregado. Ele tinha, por lei, estabilidade de dois anos como cipeiro legitimamente eleito pelos trabalhadores. Isso aconteceu após 22 dias apenas do início do mandato. A empresa se utilizou de pretextos, na tentativa impedir que os trabalhadores escolham seus representantes livremente para a defesa de seus interesses.

Este é mais um fato que constata o tipo de democracia que existe hoje: a pessoa só tem direito de trabalhar sob condições de completa alienação. Na democracia dos ricos, trabalhador bom é trabalhador calado e submisso.

É necessário fazer avançar as lutas dos trabalhadores brasileiros para combater esta situação. Infelizmente, estas arbitrariedades não se restringem ao nosso país, como se pode demonstrar pelo recente caso do sindicalista Orlando Chirino, funcionário da PDVSA, empresa petrolífera estatal venezuelana, demitido pelo governo de Hugo Chávez por fazer oposição e lutar pela independência dos sindicatos com relação ao Estado. A luta dos trabalhadores sempre foi mundial e, atualmente, vem se tornando cada vez mais aguda na América Latina.

Os sindicatos e entidades que prezam pelos direitos dos trabalhadores nacionais e internacionais devem repudiar as atitudes arbitrárias dos empresários e seus governos. É preciso exigir a reintegração imediata de Belmiro Medes Bernardes e Orlando Chirino.