Nota da Juventude do PSTU sobre a campanha de calúnias da LER-QIA USP está ocupada. Desta vez, não se trata da presença de algumas viaturas ou PMs no campus, o que já seria por si só revoltante, mas da presença massiva de helicópteros, carros blindados, caminhões e mais de 400 integrantes da Tropa de Choque – a mesma que assassinou 119 detentos no Presídio do Carandiru em 1992.

Como já havíamos dito em nossa nota política, “Com este ato de violência e arbitrariedade, cai por terra todas as desculpas da reitoria e fica absolutamente claro por que se mantém a Policia Militar no campus da Universidade. O objetivo não é proteger a população dos criminosos. O OBJETIVO É REPRIMIR E INTIMIDAR O MOVIMENTO ESTUDANTIL. Utilizam-se do trágico assassinato do estudante, ocorrido recentemente, para permitir a entrada da Polícia Militar, utilizando-se do argumento do combate à criminalidade. A PM não resolveu o problema de combate à criminalidade e, ao contrario iniciou um processo de perseguição e controle dos estudantes e funcionários abordando e revistando-os, entrando em Centros Acadêmicos e prédios de aula, interferindo diretamente nos espaços que deveriam permitir um debate livre e democrático de ideias. E agora demonstraram claramente o principal objetivo da reitoria em mantê-los no campus: reprimir violentamente, com prisões e detenções a qualquer manifestação realizada pelos estudantes, e futuramente dos funcionários”.

Com a militarização do campus, o movimento estudantil da USP recebe um duro golpe. Agora, a tarefa de todas as entidades e ativistas estudantis, sindicais e políticos é cercar de solidariedade os presos de Rodas-Alckmin e lutar pela sua libertação, bem como seguir a luta contra a presença da PM no campus.

No curso dessa luta, os estudantes terão ainda a tarefa de superar a política ultra-esquerdista da LER-QI e sua concepção de ‘democracia dos que lutam’, ou seja, a ideia de que os rumos do movimento estudantil, suas ações e seus métodos devem ser decididos não pela base, mas apenas por aqueles que estão dispostos a lutar. Com isso, a tarefa de ganhar a consciência da massa estudantil fica relegada a segundo plano, já que ‘os que lutam’ tomam as decisões. Trata-se de uma método nefasto, suicida e criminoso, que a base dos estudantes saberá julgar no momento devido.

No entanto, independente de nossas diferenças políticas, o que consideramos absolutamente inaceitável é que a LER-QI tenha resolvido, também, lançar uma campanha de calúnias contra o PSTU, com o objetivo de desmoralizar nossa organização, fazendo-nos passar por traidores e infiltrados da Reitoria.

As acusações são gravíssimas. Em uma nota de 4 de novembro, publicada em seu site, a LER-QI afirma que o PSTU e o PSOL teriam negociado, pelas costas dos estudantes, com a reitoria, a desocupação da Administração da FFLCH (ocupada antes da Reitoria). Para comprovar esta “teoria”, citam um documento “vazado” na internet alguns dias antes. A nota afirma: “Recentemente vazaram na internet documentos em que, no dia seguinte à ocupação da Administração da FFLCH, 28/10, José Clóvis, assessor do gabinete do reitor, informa o Reitor Rodas sobre ‘reunião realizada hoje com algumas lideranças estudantis na História’”

A seguir, a declaração da LER-QI cita o documento “revelador”:

“Prezado Professor João, (…) fui conversar com os setores organizados do movimento estudantil e professores. Desse encontro surgiram algumas propostas para colocar fim à invasão do prédio da Administração da FFLCH: 1) Os alunos disseram que há dois grupos no interior do movimento sendo um organizado, ligado aos pequenos partidos de esquerda; o outro, composto de ultraradicais que não desejam sair. Porém, se a Congregação for convocada extraordinariamente para segunda-feira (…) e for discutida a invasão, os radicais talvez sintam-se acuados; 2) Para além da crítica à invasão (o que certamente ocorrerá), os alunos entendem que a congregação pode encaminhar ao sr. e ao CO, uma proposta de reforma do Estatuto (…) 3) A proposta deles é que o sr. revogue o convênio com a PM, porém, discuti com eles que isso é pouco provável (…). Uma proposta que acredito a Congregação pode encaminhar e que eles acharam interessante é que um Fórum Permanente de Segurança possa ser constituído com a presença de representantes deles próprios, da PM, de ilustres professores e representantes’ dos funcionários. (…)”

Como se vê, ainda que seja verdadeiro, e que tenha ocorrido uma “conversa com os setores organizados do movimento estudantil”, em nenhum momento o documento afirma que a conversa foi com militantes do PSTU ou de qualquer outra organização em particular. O informe simplesmente não cita nenhuma organização!

Não contente com o documento que nada revela, a LER-QI conclui: “É um absurdo! Quem são essas ‘lideranças estudantis’?! Não é muita coincidência que justamente a idéia de ‘desocupar’ a Administração da FFLCH apresentada neste email tenha sido exatamente a mesma proposta que PSOL e PSTU (desocupação) que também por coincidência são lideranças estudantis na FFLCH?”

Parece que estamos lendo o site de Veja, mas infelizmente trata-se de uma organização que se reivindica de esquerda. A calúnia e a confusão são evidentes. De nossas posições políticas com respeito à ocupação da Administração da FFLCH, a LER-QI simplesmente conclui que nós… negociamos escondidos com a reitoria e passamos informações a ela!

A LER-QI abandona assim as regras morais mais elementares da esquerda e se joga em uma campanha vergonhosa, indigna, suja e mesquinha, com o único objetivo de combater nossas posições políticas. É a moral do vale tudo, que não tem nada em comum com os valores defendidos pela esquerda revolucionária e socialista, à qual a LER-QI diz pertencer.

Mas as mentiras e as calúnias não páram por aí. Sentindo que o documento vazado na internet não lhe dá uma base sólida para travar seu vale-tudo contra o PSTU, a LER-QI cita um outro documento “vazado”, este sim citando nomes. Diz a LER-QI: “Inclusive, em outro documento que está circulando, de 2/6, Waldir Jorge, coordenador da COSEAS, escreve a Amadio, chefe de gabinete, sobre a moradia retomada”.

Eis o segundo documento:

“Hoje tive reunião com alunos Adrian e Renan do DCE, (…) há uma grande possibilidade de avançarmos na recuperação desta área. (…) Há uma real vontade deles em acertarmos os ponteiros. Sugiro agendarmos uma reunião (…) e fecharmos mais este pacote de pepino!”

A confusão é deliberada! A LER-QI mistura um informe sobre uma conversa misteriosa a respeito da ocupação da Administração da FFLCH com um e-mail sobre uma reunião a respeito da sede do DCE, ocorrida em 2 de junho (!). O que isso tem a ver com a ocupação da Administração da FFLCH???

Aqui a LER-QI incorpora o PSOL na sua ofensiva de calúnias e faz um amálgama, a fim de reforçar a tese de que houve uma negociação com a reitoria, às escondidas do movimento, para desmontar a ocupação da Administração da FFLCH.

Com um cinismo poucas vezes visto no movimento, a LER-QI afirma mais adiante em sua nota: “É necessário organizar uma Comissão Independente para apurar os fatos e apresentar para todos os estudantes quem são as ‘lideranças estudantis’ que negociaram com a Reitoria pelas costas do movimento a desocupação.”

Mas perguntamos à LER-QI: para quê uma comissão se vocês já desvendaram o crime? Para quê uma comissão se vocês já misturaram dois e-mails que não têm nada a ver um com o outro e já retiraram daí a resposta, já obtiveram a prova cabal de sua acusação stalinista? Para que uma comissão se vocês já tem certeza absoluta que foram o PSTU e o PSOL que negociaram pelas costas dos estudantes? Para que perder um tempo preciso? Por que não condenar imediatamente e sem apelação o PSTU?

Ou… vocês não tem certeza? Mas se vocês não tem certeza, por que então acusam o PSTU e o PSOL com tanta propriedade? Se vocês não têm provas, com que direito tentam embaralhar a cabeça dos estudantes com uma falsificação tão barata? Se vocês não têm provas, como ousam tentar manchar o nome de uma organização que tem um histórico moral inatacável e sempre esteve nas lutas, não tendo nunca se misturado com qualquer reitoria, patronal, governo ou partido burguês? Com que direito?

O método da calúnia funciona de acordo com a seguinte lógica: “calunie mil vezes, alguma sujeira sempre fica”. Isso quer dizer que quando alguém é caluniado, nunca vai conseguir se livrar totalmente das acusações porque sempre vai restar uma pontinha de dúvida de sua inocência. Por isso a calúnia é um método tão “eficiente” na luta política. Isso é assim porque a rigor não se pode provar a inocência de alguém. Só se pode provar a culpa.

Desafiamos então a LER-QI a provar suas acusações. Provem que algum militante do PSTU algum dia negociou com a reitoria às costas do movimento. Dêem, por favor, algum indício de tal reunião, algum nome, alguma data.

Se vocês não oferecerem tal prova, todo o movimento estudantil, as organizações sindicais e políticas e as pessoas honestas entenderão que vocês não passam de caluniadores stalinistas, mentirosos e degenerados, cuja vida gira em torno ao combate ao PSTU e, que nessa cruzada desesperada por nos destruir são capazes de tudo, até mesmo da mais baixa mentira, da mais vil calúnia e da mais cínica confusão.

A que ponto a LER-QI desceu para apelar a esse tipo de recurso. Isso demonstra que uma organização de esquerda não se constrói somente com um programa radical, uma boa teoria e disposição de luta. É preciso também uma moral mais elevada, uma moral que seja distinta da moral burguesa que impera na sociedade capitalista, uma moral baseada na solidariedade, na honestidade, na verdade entre lutadores, mesmo quando se trate de adversários políticos e ideológicos. Imaginamos que para a LER-QI, essas palavras soem como um idioma desconhecido, uma música do passado. É lamentável que seja assim, pois uma organização sem moral é uma organização sem futuro. E arriscamos dizer que por esse caminho, a LER-QI não tem nenhum futuro. Podem ter uma ou outra vitória tática, mas apodrecerão amanhã na vala comum do vale-tudo-na-luta-política. O exemplo de inúmeras outras organizações nos permite fazer esse triste prognóstico. Em todo o caso, lhe damos o benefício da dúvida e o direito de resposta. Com a palavra, os companheiros.

Juventude do PSTU