Cenas de violência contra os movimentos sociais tomaram conta do noticiário deste início de ano. O bárbaro assassinato da freira Dorothy Stang foi seguido de outras três mortes de trabalhadores rurais. Em Goiânia, cenas de guerra na absurda repressão aos sem-teto da ocupação Sonho Real. As fotos no dia seguinte nos jornais lembravam cenas do Iraque ou da Palestina, com soldados superarmados ameaçando trabalhadores e crianças.

A violência é uma expressão de uma polarização social crescente, que pode ter outras e mais graves manifestações durante o ano. A frustração das expectativas no governo leva as pessoas a lutarem por suas necessidades. Os sem-terra do Pará e os sem-teto de Goiânia são expressões de um dos lados desta polarização. Que não haja enganos: são apenas os primeiros do ano, muitos outros virão. Seja do movimento popular ou sindical, como as campanhas salariais que se iniciam. Ou dos estudantes.
Do outro lado, a burguesia reage de forma violenta aos movimentos, se utilizando de pistoleiros, como os do Pará, ou da Polícia Militar em Goiânia. Os vários mortos desses episódios mostram a temperatura se elevando na cidade e no campo.

A luta de classes vai se impondo acima da conversa fiada governista. Onde está mesmo a propaganda que dizia que o crescimento econômico ia resolver os problemas sociais do país? A política econômica é a responsável pela inércia da reforma agrária e a continuidade da crise habitacional. A conivência do governo com a violência o torna co-responsável pelas mortes.
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