Protestos em La Paz
Indymedia Bolívia

Após duas semanas, a Bolívia continua tomada por manifestações pela nacionalização do gás e pelo Fora Mesa. Nas ruas da capital, La Paz, mineiros, indígenas, estudantes e populares desfilam em sucessivas marchas e protestos e uma greve de motoristas deixou a cidade semiparalisada. Em El Alto, na região metropolitana, a greve geral continua, isolando até mesmo o aeroporto. Os protestos se estendem por todo o país, com 60% das estradas bloqueadas por manifestantes.

Desde a segunda-feira que os deputados tentam realizar as sessões do Congresso. Em vão. Os manifestantes cercam os deputados e impedem a sua entrada. Com o piquete permanente, o Congresso ainda não conseguiu reunir o número de parlamentares necessário para discutir a proposta de um plebiscito sobre a autonomia dos departamentos, nome do país para os estados. A autonomia é exigida por quatro departamentos, entre eles o de Santa Cruz, o mais rico do país e que concentra uma burguesia branca e reacionária, que exige o desmembramento do país. Estes setores também pedem a repressão aos protestos e, nesta quinta, levaram às últimas consequências. O grupo União Juvenil Cruzceñista, claramente racista, atacou uma marcha de camponeses em Santa Cruz, golpeando sem piedade os manifestantes.

Com o Congresso isolado, o presidente Mesa articula manobras para deter as manifestações e recuperar vestígios de governabilidade. Na quarta-feira, tentou um ‘pacto social’ para pôr fim à crise. A idéia não foi sequer considerada pelos manifestantes. Segundo Abel Mamani, da Federação de Associações de Moradores de El Alto (Fejuve),”Pacto, reuniões e diálogos não funcionam. Aqui é tudo ou nada”.

Nesta quinta, Mesa anunciou um decreto, convocando, para o dia 16 de outubro, a realização de um plebiscito sobre a autonomia dos departamentos e da eleição de representantes que formariam uma Assembléia Constituinte para discutir, entre outros temas, a nacionalização do gás e do petróleo. Esta manobra, para confundir os manifestantes e deslocar os grandes debates para o terreno da democracia burguesa foi rechaçada por todos os setores sociais, segundo a agência Ecobolívia.

Na tentativa de frear os protestos, Mesa têm encontrado apoio entre os parlamentares. Na quarta, os líderes e presidentes de alguns partidos divulgaram uma declaração comprometendo-se com o plebiscito e as eleições para a Constituinte. Nisso, tem contado com o apoio de deputados do MAS (Movimento ao Socialismo), de Evo Morales. O deputado Gustavo Torrico disse que seu partido defendeu eleições para a Constituinte e a autonomia, abandonando a bandeira da nacionalização do gás e do petróleo.

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