As conseqüências da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) para a educação foram discutidas na oficina de debates “ALCA, OMC e Mercantilização da Educação”, realizada nesta sexta-feira,24 de janeiro, na PUC.

A atividade reuniu cerca de 100 pessoas. Participaram como debatedores: Edgar Fernandes Neto (APEOESP, Brasil), José Erinaldo Junior (UNE, Brasil) e Miguel Irinos (Movimento ao Socialismo, Equador).

Segundo Edgar, a ALCA não é um simples projeto de integração comercial. “Tanto a ALCA como o Mercosul fazem parte da estratégia recolonizadora. A conseqüência será a diminuição do papel dos Estados nacionais, que também não terão controle sobre as políticas públicas, o que provocará o aumento da miséria na América Latina, e a privatização dos serviços públicos, como a educação”, ressaltou.

Ele explicou ainda que, para a Organização Mundial do Comércio (OMC) a educação deixou de ser um direito de todos para transformar-se numa mercadoria: “Globalização e neoliberalismo fizeram reduzir os recursos para a educação, considerada um serviço a ser oferecido de forma que tenha produtividade, ou seja, para gerar lucro”.
É uma constatação que coincide com os depoimentos dos demais participantes do debate. No Chile já não há mais educação pública. Na Argentina 80% das vagas são públicas, mas a maior parte dos professores não ganha mais que R$400,00 por mês, além de concorrerem com o serviço voluntário. Enquanto isso, no Brasil há os “Amigos da Escola”, que estabelece o trabalho voluntário em substituição à contratação de funcionários e professores, expansão de vagas sem qualidade e cargas horárias irregulares e deficientes.

“Se os ataques neoliberais atingem a educação da mesma forma nos diversos países, a luta da juventude por uma educação pública gratuita e de qualidade para todos é, tal qual a dos trabalhadores, internacional”, disse Erinaldo Júnior.