Jovem palestino

Os assassinatos, a destruição de casas, o confisco de terras; apesar da violenta ocupação de Israel sobre a Palestina, a Intifada resiste e mostra ao mundo a luta de um povo para sobreviverA última operação militar que o Exército de ocupação israelense desencadeou contra o campo de refugiados de Raph, na Faixa de Gaza – conhecida como Operação Arco-íris – chocou o mundo e lembrou as terríveis cenas do holocausto, realizado por Hitler na Segunda Guerra Mundial. Essa é a maior ofensiva militar israelense desde 2002 e expressa que Israel está determinado, não só a desalojar massivamente a população palestina, mas também a promover uma verdadeira faxina étnica na região.

Com cerca de 145 mil habitantes, Rafah já vinha sofrendo sérios problemas de abastecimento, e falta de água e de eletricidade. A invasão de tanques e das tropas israelenses multiplicou por mil as precárias condições de sobrevivência dos refugiados. Mais de 180 casas foram destruídas e uma pacífica manifestação foi atingida covardemente por mísseis despejados por helicópteros israelenses, deixando 42 mortos. Segundo o exército de Israel, os mísseis foram lançados para “dispersar a multidão”.

Mas a barbárie das tropas ocupantes não parou por aí. Depois de ordenar que todos os residentes entre 16 e 40 anos saíssem de suas casas e fossem para a escola mais próxima, soldados israelenses durante o percurso, assassinaram vários palestinos a sangue frio, com tiros na cabeça. O governo de Israel proibiu a entrada de alimentos e remédios para a região e está impedindo que os feridos sejam levados para hospitais da Cisjordânia. Várias tendas foram instaladas para alojar os dois mil refugiados frutos do ataque.

Toda essa operação tem na verdade por objetivo isolar este acampamento do resto da Faixa, assim como sua fronteira com o Egito, para criar uma nova zona de “segurança”, deixando mais uma parte do território palestino sob o rígido controle israelense. Trata-se de avançar no projeto de transformar cada vez mais a Faixa de Gaza numa grande prisão, na tentativa de controlar a Intifada Palestina. O método utilizado lembra os horrores vividos pelos próprios judeus na época do nazismo e obrigou o Ministro de Justiça israelense, Yosif Tommy Lapid, a comparar essa criminosa operação com o Holocausto, quando os nazistas mataram seis milhões de judeus em campos de extermínio. “Uma das cenas que vi parecia minha avó quando foi expulsa de sua casa”, afirmou ele, descrevendo quando viu uma senhora já idosa à procura do seu remédio em meio aos escombros da casa destruída.

Contradições de Israel

Contra o massacre dos refugiados palestinos foram desencadeadas enormes pressões internacionais, até os governos dos países imperialistas da Europa foram obrigados a condenar a ação militar de Sharon. Já o governo Bush declarou seu apoio às ações alegando que Israel tem o direito de se “autodefender” contra os ataques terroristas.

Grandes mobilizações contrárias aos ataques à Faixa de Gaza foram promovidas pelo movimento pacifista israelense. No dia 15 de maio, cerca de 150 mil israelenses pediram, em Tel Aviv, a saída de Israel da Faixa de Gaza.

Essas manifestações agravam a crise do governo Ariel Sharon, que hoje enfrenta uma divisão dentro do seu próprio partido, o Likud. Isso obrigou Sharon a retirar temporariamente as tropas da região de Rafah, sob o pretexto de “modificar seu plano de retirada”. No entanto, pressionado pela ala direita de seu partido, Sharon poderá retomar a ofensiva contra o povo palestino a qualquer momento.

A Intifada resiste

Apesar disso, a Intifada mantém a resistência e determinou como seus alvos os enclaves dos colonos judeus em terras Palestinas e o exército de ocupação israelense. É importante dizer que, além das manifestações internas contra a ofensiva de Sharon, cresce também o descontentamento de setores do Exército que se recusa a cumprir ordens de ocupar a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.

Somente com o fim do Estado sionista de Israel haverá paz naquela região. As negociações de paz promovidas pelo imperialismo acordadas com a OLP de Arafat provaram ser um grande engodo. A unidade entre palestinos e um grande movimento de oposição de esquerda ao governo de Sharon poderá impor um Estado Palestino Laico, democrático e não-racista, condição única para garantir a liberdade e a auto determinação dos povos daquela região.

Post author Yuri Fujita, de São Paulo (SP)
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