O dia 19 de abril na Universidade de Brasília (UnB) foi comemorado com festa. Após ocuparem uma antiga livraria do Campus, desativada há seis meses, e terem enfrentado bravamente a repressão, os estudantes (entre eles, muitos do MRS) saíram vitoriosos: o espaço agora é deles.
Utilizada há alguns meses como depósito de lâmpadas, a antiga livraria, era o retrato da apropriação do espaço público pela economia de mercado. Espaço totalmente ocioso!
Os estudantes bem que tentaram negociar. Enviaram, em fevereiro, um ofício solicitando a utilização do prédio como espaço de convivência. Diga-se de passagem: desde 2000, o reitor, Lauro Morhy, promete esse espaço.
Foi num dia destes, dia 14 de abril, dia chuvoso, tipo de dia em que a gente perde a paciência, que, numa reunião do Conselho de Entidades de Base (CEB), os estudantes decidiram pela ocupação. A administração da Universidade não deixou por menos: enviou, imediatamente suas tropas (seguranças, funcionários) para retirar os estudantes. Os estudantes construíram suas barricadas e resistiram. Os estudantes venceram, companheiros!
O espaço antes improdutivo, agora se transformou num espaço de resistência. Debates, oficinas e festas fazem parte da programação. Não foi por acaso que o tema escolhido para um dos primeiros debates foi o da Reforma Universitária. Segundo o estudante de Ciência Política, Cacá, a falta de espaço para reflexão e a multiplicação dos espaços privados é apenas uma das faces da privatização do ensino público.
Fazendo coro com os sem-terra e os sem-teto, os estudantes da UnB dão exemplo de coragem e mandam um recado para o governo: a Universidade é nossa!.