Ocupação tem cerca de 600 famílias
Rafael

O barraco de lona preta escrito em tinta branca “Gaza” não está tão distante da realidade da velha Palestina. Desde o dia 7 de maio, no Bairro Cidade São Jorge, na cidade de Santo André (SP), famílias sem-teto organizadas pelo MTST ocupam uma área que há muito tempo não é utilizada.

A ocupação cresceu num rítmo acelerado e, em uma semana, já haviam sido cadastradas 600 famílias dispostas a permanecerem nos barracos de lona, a fim de conquistar a necessária moradia digna, demonstrando a enorme demanda habitacional da região.

Já por parte da prefeitura (PTB) não existe tanta disposição para resolver o problema de moradia dessas famílias. Alegando que iriam construir galpões de reciclagem na área, a prefeitura entrou com o pedido de liminar para a reintegração de posse. Conseguiram-na rapidamente e, sem esperar a conclusão das negociações entre o movimento, a CEF, CDHU, fizeram cumprir o despejo dessas famílias nessa segunda feira, 24 de maio.

O movimento definiu por não abandonar a ocupação antes de encontrar uma solução para os ocupantes acampados no terreno, mudando-se para uma área particular de 26 mil metros quadrados ao lado – com acesso mais difícil, evitando um confronto com a polícia e garantindo a manutenção da ocupação até ser atendida a reivindicação das famílias.

Repressão
Na manhã do dia 24 chegaram à ocupação, além de um efetivo policial, peritos da prefeitura para garantir o cumprimento da liminar e a delimitação da área que seria da prefeitura. O que aparentemente se resolveria rapidamente se transformou em um novo problema. A prefeitura agora alega que a nova área também pertence a ela, diferente do que apontam os documentos conseguidos pelo movimento. Já declarou que irá buscar nova liminar para outro despejo.

E como se não bastasse a prefeitura despejar as famílias que precisam de moradia para construir galpões de reciclagem, buscaram empurrar a ocupação para a área com maior declividade e de difícil acesso. Assim, a “faixa” do barraco da Gaza, que ironicamente estava no limite entre os dois terrenos, teve que ser removida para uma área mais estreita.

O inexperiente prefeito Aidan Ravin (PTB) demonstra também não ter o menor comprometimento com a política habitacional. Na região o déficit habitacional estimado é de 80 mil moradias e o número de habitações prometidas para serem construídas até o fim do ano é de apenas 3 mil (somando PAC e CDHU).

O programa federal “Minha Casa, Minha Vida” que está sendo implementado na região atende em grande maioria as famílias que ganham de três a dez salários mínimos, subsidiando grandes empreiteiras que protagonizam uma explosão da especulação imobiliária, deixando em segundo plano o verdadeiro déficit habitacional das famílias com renda entre zero e três salários mínimos.

O PSTU, a CONLUTAS e as entidades que fazemos parte vêm dando apoio político e de seus militantes para a ocupação desde o seu início e seguiremos apoiando a luta do MTST e das famílias sem teto no enfrentamento com os governos na luta por moradia digna, ate que os palestinos de Santo André tenham o seu lugar.