Após um ano de resistência, moradores da Ocupação Esperança conquistam casas

“Com luta, com garra, a casa sai na marra!”

No dia 23 de agosto de 2013, centenas de famílias de Osasco resolveram construir sua própria história na busca por uma moradia digna. Ocuparam um terreno que estava vazio, sem qualquer tipo de utilidade há mais de trinta anos, na estrada da Alpina, Jardim Três Montanhas, ergueram seus barracos de lona e batizaram a sua comunidade de Ocupação Esperança, para mostrar que dali só arredariam o pé com o seu direito atendido.

O movimento Luta Popular, filiado à CSP-Conlutas, passou a contribuir com a construção da ocupação e com a organização do acampamento desde que estas famílias se desafiaram a lutar. Diferentemente do que era a vida lá fora, na ocupação tudo é decidido nas assembleias, onde o povo discute e vota o que vai fazer coletivamente. Os barracos que eram de lona preta agora já estão com outra cara. Alguns já tem até piso, cozinhas individuais organizadas e banheiro. As pessoas deram um outro sentido para suas vidas: compreender que a luta coletiva pode levar a alguma conquista, mas o principal, se enxergarem como trabalhadores que estão no mesmo caminho e que só assim é possível seguir.

As mulheres se organizam num grupo de trabalho para discutir os seus problemas, a sua vida, entender como o machismo prejudica a nossa luta e a nossa classe de trabalhadores. Durante a semana, acontecem atividades de formação e de cultura e, assim, vai se mantendo a resistência popular.

Agora, no dia 23 de junho de 2014, vamos completar dez meses de ocupação. Depois do desprezo inicial da Prefeitura de Osasco, governada pelo PT, a Ocupação Esperança/Luta Popular deu um passo importante na luta pela moradia digna. No mês de maio, a Prefeitura e o movimento assinaram um termo de compromisso, em que serão destinadas 500 unidades habitacionais para os moradores da Esperança, através do programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades.

Mas essa vitória não veio do acaso. Ela foi fruto de nossas ações diretas, das nossas passeatas até a Câmara, até a Prefeitura, das vezes que travamos a Rodovia Anhanguera, das vigílias, da nossa permanência no terreno, do esforço de cada um que entendeu o sentido da nossa luta.

Esse pequeno passo também não se deu somente por nossa conta. Durante esses dez meses tivemos o apoio fundamental de vários movimentos, coletivos e sindicatos, dentre eles, os Metroviários de SP e o Sindsef (que hoje realizam lutas e greves e têm sido duramente reprimidos), além de vários outros sindicatos, da CSP-Conlutas e de diversos apoiadores.

Nessa nossa caminhada, também tivemos outro valoroso apoio, aquele dos companheiros que já haviam construído, anos atrás, uma luta muito bonita do movimento popular, que já haviam construído o seu bairro, através do esforço comunitário e da organização coletiva: nossos parceiros do Pinheirinho, em São José dos Campos. Eles nos ensinaram, e aprendemos juntos, que só a mobilização do povo pobre e trabalhador é que pode levar à vitória.

Por isso, no próximo final de semana, vamos fazer o “Arraiá da Esperança” para comemorar esse primeiro passo, mas também pra lembrar que a nossa luta vai seguir adiante. Como a gente sempre diz, gritando emocionado ao final de nossas assembleias: “com luta, com garra, a casa sai na marra”.

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