Sem uma política de habitação que atenda a classe mais pobre, cerca de mil famílias de São José dos Campos mantém a ocupação no `pinheirinho`, zona sul da cidade. A área possui cerca de 1,3 milhão de metros quadrados (equivalente a 162 campos de futebol) e há mais de 30 anos estava abandonada.

Esta ocupação faz parte de uma forte luta por moradia que eclodiu no final do ano passado,com ocupação de 150 casas em uma bairro da periferia de São José. Desde lá o movimento tem crescido e enfrentado, além da violência policial, ações políticas por parte da prefeitura e vereadores que tentam intimidar os moradores. No dia 26 de fevereiro, os sem teto ocuparam o `Pinheirnho`

Mesmo não sendo área pública, a prefeitura do PSDB está gastando milhões de reais em publicidade para tentar colocar a população contra a ocupação e tentar enfraquecer o movimento.

Na Câmara Municipal, os vereadores aprovaram projeto suspendendo cesta básica, bolsa escola , e outros benefícios de quem faz parte do movimento. Esse projeto, ainda não foi nem sancionado, mas o governo já cortou os benefícios.

O prefeito Emanuel Fernandes e os vereadores estão adotando ações semi-facistas. Mas, o pessoal está disposto a enfrentar as dificuldades. `Sabemos que a luta não é fácil, mas a tendência é esse tipo de movimento crescer cada vez mais devido ao aumento do desemprego e os baixos salários da população. Acreditamos que é preciso organizar o povo e com certeza essa ocupação servirá de exemplo para centenas que ainda vão surgir no país`, ressaltou o presidente do PSTU em São José dos Campos, Antonio Donizete Ferreira, o Toninho.

O mega especulador Naji Nahas se reivindica dono do terreno que não tem nenhuma função social, mesmo assim é defendido pela prefeitura e políticos locais. E por estar abandonado, há mais de 30 anos que a prefeitura não recolhe o IPTU daquela área.

Organização – Com uma coordenação eleita em assembléia, os moradores atuam de forma organizada. São realizadas assembléias três vezes por semana e as lideranças também tem reunião sistemática para discutir os problemas e a melhor forma de encaminhá-los. Está sendo feito um recadastramento de todas as pessoas que estão no terreno e é preciso montar barraco e morar no local para ter direito ao lote. `É preciso trabalhar de forma organizada para que todas as famílias que realmente precisam de moradia sejam contempladas e ao mesmo tempo avançar na consciência de que essa é uma luta conjunta”, afirmou.

Uma das coordenadoras do movimento Lúcia de Fátima Rezende
O movimento conta com o apoio dos sindicatos de esquerda e do PSTU na região.

Mulheres na linha de frente

Com disposição de luta e muita determinação para garantir um pedaço de terra, as mulheres da ocupação do Pinheirinho são exemplos de resistência. Enfrentaram a truculência da polícia e continuam firmes no dia-a-dia para garantir seus direitos.
Exemplo disso foi a atividade realizada pela secretaria de mulheres do PSTU, que contou com a participação de mais de 300 pessoas, em sua maioria mulheres.

No debate, elas falaram sobre o dia-a-dia, mas consciente de que é preciso avançar na organização para acabar com a exploração que reina no país.