A crise econômica internacional está sendo enfrentada pelos governos burgueses com armas bem distintas das utilizadas em 1929. Frente ao pânico de que se repita uma depressão como aquela, eles já entregaram às grandes empresas cerca de 13 trilhões de dólares, feito inédito na história. Algo bem distinto de 1929, em que deixaram correr as quebras bancárias.

Hoje, também é possível para os governos fazer uma utilização massiva dos atuais meios de comunicação (a invenção da TV é de 1936) como arma política para difundir a ideia de que “o pior já passou”, a “recuperação já começou”, etc. Obama é um craque nesse tema, assim como Lula.

Um exemplo é a divulgação na TV dos índices do PIB dos EUA no segundo trimestre deste ano. Uma queda de 1% foi apresentada como uma vitória, um sinal claro de que a recuperação já havia começado. Isso porque a queda foi menor que nos trimestres anteriores (5,4% no quarto trimestre de 2008 e 6,4% no primeiro deste ano).

Na verdade, trata-se apenas de uma desaceleração da queda. Nada mais, nada menos. Oscilações desse tipo ocorreram também durante o próprio ano de 1929, e não determinam em absoluto a dinâmica da crise. Basta lembrar que foi o quarto trimestre de recessão nos EUA, o que não ocorria desde 1947.

Mas a realidade vai se impondo sobre os gigantescos esforços financeiros e de propaganda dos governos. A crise segue e o desemprego nos EUA superou o simbólico índice de 10%. Acompanhando o crescimento do desemprego, a popularidade de Obama começa pela primeira vez a diminuir. Caiu de 68% para 58% em todo o país, e nos estados com índices maiores de desemprego é inferior a 50%. Obama já tem índices semelhantes aos de Bush e Nixon em momentos semelhantes do mandato.

Esse é um acontecimento político chave, que não pode ser subestimado. Obama é um fator importantíssimo em termos políticos e ideológicos. Houve um retrocesso na consciência anti-imperialista das massas em todo o mundo com a saída de Bush e a entrada de Obama. Os trabalhadores acreditam ter um aliado no governo da principal potência imperialista.

O início do desgaste de Obama sinaliza o que já vínhamos alertando há alguns meses: estamos somente no início desta crise e de suas consequências políticas. Acontecimentos extraordinários na luta de classes devem marcar a passagem desta crise, que já é a maior em 80 anos.

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