Principal fenômeno da campanha, Obama atrai expectativas do movimento negro e dos movimentos contra a ocupação no IraqueA meteórica ascensão de Barack Obama revela que não são poucos os pobres, negros e explorados norte-americanos que vêem o senador negro como a “cara nova” e depositam nele suas esperanças. Sua campanha vem batendo recordes de participantes, especialmente jovens excitados por sua mensagem, ainda que vaga, de “mudança”.

A enorme maioria do movimento negro dos EUA também apóia sua candidatura, embora Obama desvincule totalmente sua imagem das reivindicações e das lutas da população negra do país. O senador tenta se apresentar como o “candidato de todos”, algo que ficou bastante evidente num discurso que se tornou sua marca registrada: “Não há uma América negra, uma América branca e outra América asiática, há apenas os Estados Unidos da América”.

Um discurso que, diga-se de passagem, teve inspiração num dos “ídolos” de Obama, o nada saudoso ex-presidente republicano Ronald Reagan, a quem o senador declarou sua admiração. No campo econômico e diante de um cenário de recessão, o candidato da “mudança”, dedica elogios a Reagan e defende o plano adotado pelo ex-presidente. Vale lembrar que Reagan foi quem começou a ofensiva do neoliberalismo sobre o planeta nos anos 80. De acordo com Obama, Reagan “mudou a trajetória da América de uma maneira que Richard Nixon não conseguiu, e Bill Clinton também não”.

Essa proximidade com o conservadorismo patriótico de Reagan também fica evidente nas posições de Obama no que se refere à guerra do Iraque, o que tem conquistado a simpatia de muitos eleitores republicanos. Sempre escorregadio em relação ao tema, o senador afirma que é o melhor candidato para “vencer a guerra e retirar as tropas”. O senador até mesmo relativizou as torturas usadas por Bush contra supostos terroristas. Perguntado se era contra ou a favor o uso da tortura, esquivou-se. Declarou que fará de tudo para manter a América à salvo, mas que irá analisar “as emergências caso a caso”. E, recentemente cogitou a idéia de invadir o Paquistão, em busca de Bin Laden, fazendo corar os ativistas do MoveOn.org, organização contra a guerra que o apóia.

Por que não
apoiar Obama?

Pobres, negros, jovens e explorados norte-americanos vêem Obama como um “novo tipo de político”, a “novidade” desta eleição. Também não são poucos os lutadores, principalmente no movimento negro, que, mundo afora, torcem para ver um presidente negro.

Mas Obama não tem nada a ver com os reais interesses dos explorados e oprimidos norte-americanos e do mundo. Um negro que, vendendo-se como expressão de um EUA “pós-racismo”, está muito mais próximo da secretária de Estado Condoleezza Rice do que dos líderes negros norte-americanos da década de 60. Ao mesmo tempo em que se aproveita de sua negritude e de ser filho de um queniano para impactar as comunidades mais oprimidas, relega para segundo plano reivindicações históricas dos oprimidos.
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