Realizado entre os dias 10 a 3 de julho, em São Paulo, o XI Congresso da Federação Única dos Petroleiros (FUP) foi uma lamentável demonstração de autoritarismo dos dirigentes sindicais que passaram de malas e bagagem para as hostes governistasPor muito tempo, a FUP foi considerada uma entidade sindical democrática, mesmo sendo dirigida pela Articulação. No entanto, no último congresso, essa tradição foi rompida.

Os petroleiros da Conlutas, por exemplo, foram impedidos de apresentarem suas posições sobre a conjuntura nacional e internacional, sob o argumento de que não apresentaram sua tese no prazo. Para defender essa posição, Antonio Carlos Spis, presidente da FUP, afirmou que os membros da Conlutas não teriam mais espaço no congresso.

“Este governo é uma merda, mas é nosso”
O debate das teses resumiu-se na polarização entre “governistas exacerbados” (Articulação, CSC e CSD) e “governistas moderados”. Todos realizando o máximo empenho para defender o corrupto governo Lula e sua política neoliberal, como na fala do sindicalista Emanuel Cancella, da esquerda da CUT. Ele afirmou que o seu lema era o dos trabalhadores chilenos na época de Allende, que diziam “Este governo é uma merda, mas é nosso governo”. Como se vê, faltaram argumentos para defender o PT e Lula.

Depois disso, as resoluções sobre conjuntura pautaram-se pelo conteúdo da “Carta ao Povo Brasileiro”, assinada por CUT, UNE e MST, e que dá total apoio ao governo, mesmo em meio ao mar de lama. Como se não bastasse, os governistas votaram contra a nacionalização do petróleo boliviano e a favor da Lei Zica, que apenas controla as exportações.

Inquisição
Sem dúvida, o fato mais escandaloso ocorreu no fim do Congresso, quando a Articulação aprovou a proposta de uma Comissão de Ética para avaliar a relação MTS-Conlutas e a FUP. Os dirigentes dessa corrente afirmaram que os “divisionistas” que querem romper a CUT devem ir embora da FUP.

Nessa hora, houve uma reação muito positiva de muitos militantes antigos da categoria, que denunciaram a caça às bruxas, lembrando a perseguição que sofreram da ditadura militar, e tentaram impedir a instauração da comissão stalinista.

Encontro das Oposições
Depois do Congresso, a disputa agora se concentra na base da categoria. Em todas as assembléias do país, a Oposição vai propor a mudança na pauta rebaixada aprovada no Congresso, incorporando as reivindicações dos petroleiros terceirizados, e desautorizar o Comando de Negociação formado pela direção da FUP. Para discutir esses temas e a relação com a Conlutas, as oposições marcaram um Encontro Nacional, dias 20 e 21 de julho, no Rio de Janeiro.

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