O que é muito esclarecedor na entrevista de João Fontes, é o momento em que ele explica por que está deixando o P-SOL e indo para o PDT: “O parlamentar disse que o sonho do P-SOL está ‘temporariamente’ inviabilizado, pois ‘não há como organizar o partido para disputar as eleições de 2006 e se isso acontecer o nosso tempo na TV será o mínimo, não teremos quase nada de fundo partidário e a tendência será cair no ostracismo. Temos que fazer a opção pela sobrevivência’”.

Então, segundo João Fontes, o “sonho do P-SOL” não é possível, porque o projeto eleitoral de 2006 não pode ser garantido, seja pela impossibilidade de organizar o partido, seja pelo pouco tempo de TV e por problemas de finanças partidárias.

Desde o início, nós criticamos o P-SOL, afirmando que se tratava de um projeto essencialmente eleitoral, um PT mais à esquerda. Dizíamos que o P-SOL nasceu ao redor da estratégia do lançamento da candidatura de Heloísa Helena à presidência, exatamente como o PT trabalhou por anos ao redor da estratégia de eleger Lula. As correntes do P-SOL sempre reagiram indignadas, como se fosse um ataque gratuito nosso. Agora, João Fontes rompe com eles, sem criticar o “sonho”, mas dizendo que para cumprir os objetivos eleitorais do partido é melhor estar no PDT.

João Fontes, explicitamente, aponta para a existência de negociações, que viabilizariam o “sonho” da candidatura de Heloísa Helena através do PDT: “O PDT está aberto não apenas para mim. Os pedetistas gostariam de ter no partido também a senadora Heloísa Helena e os deputados federais Luciana Genro e Babá. Cabe a eles decidirem”, disse o deputado.

A matéria continua: “João Fontes considera positiva a aproximação do PDT com o PPS e acredita que essa iniciativa poderá fortalecer ainda mais a candidatura da senadora Heloísa Helena à presidência da República. ‘Roberto Freire já deixou claro que também deseja apoiá-la. Acho que ela será o novo, a candidata realmente de oposição e com vocação para crescer em todo o País’, concluiu”.

Enquanto isso, a direção do P-SOL segue empurrando sua militância para a coleta de assinaturas e, assim, viabilizar a legalização do partido, sem que a base saiba qual realmente é o seu projeto político.

Tal projeto tem como foco o lançamento de uma candidatura à Presidência, como diz João Fontes? E, sendo, dessa maneira, um projeto eleitoral, trata-se de uma candidatura do P-SOL…ou do PDT?
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