O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República pediu que as polícias de todos os estados espionassem as atividades de pelo menos dez entidades e movimentos sociais. Entre elas está a ConlutasAs marchas realizadas na semana passada em Brasília fecham um importante ano de lutas contra as reformas neoliberais promovidas pelo governo Lula. Tudo indica que é bastante provável que as lutas recrudesçam no próximo ano. Diante desse fato o governo do PT toma medidas escandalosas que não deixam nada a dever aos governos de direita do passado. No último dia 27, o jornal O Estado de S. Paulo publicou um artigo no qual revela que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República pediu que as polícias de todos os estados do país espionassem as atividades de pelo menos dez entidades e movimentos sociais. Entre elas está a Conlutas.

A medida foi descoberta por acaso, quando a mensagem do GSI foi enviada para vários órgãos policiais, inclusive para toda a rede da Polícia Civil. O deputado estadual Renato Simões (PT-SP) recebeu informações sobre a mensagem e denunciou a “indústria de arapongagem política do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin”. O deputado não sabia, no entanto, que a ordem tinha partido do governo de seu próprio partido.

Como se isso tudo não bastasse, o documento encaminhado à polícia de São Paulo cobrava dela a espionagem da preparação das atividades que foram realizadas na semana passada em Brasília, como a Marcha contra as Reformas Sindical, Trabalhista e Universitária, do dia 25, e também da Conferência Nacional de Terra e Água, promovida pelo MST.

Espionar os movimentos sociais é no mínimo uma atitude repulsiva. No passado o PT foi vítima dessas ações, principalmente, durante a ditadura militar. É impossível esquecer os helicópteros militares que, para intimidar os trabalhadores, voavam em rasante sobre a cabeça dos metalúrgicos nas assembléias do ABC paulista. Hoje, o governo do PT é que infiltra agentes nas assembléias, manifestações e encontros dos trabalhadores.

Um artigo publicado pela Folha de S.Paulo, no dia 28, diz que os serviços de inteligência (Abin, GSI etc.) estão “alertando” o governo federal para futuros “focos de tensão” em 2005. É como a arapongagem define as lutas dos movimentos sociais por moradia, terra e trabalho. Isso é muito preocupante, uma clara violação dos direitos de expressão e de manifestação dos movimentos populares poderá estar em curso. Se a luta tende a recrudescer, como diz o relatório desses órgãos, o que o governo vai fazer? Pedir para a polícia se infiltrar nos movimentos populares e fichar suas lideranças? E, depois, vai reprimi-los?

O governo do PT mantém a estrutura policial-militar da ditadura. Prova disso é que 93% dos cargos de chefia da Abin são ocupados pelos arapongas do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI).

Os movimentos populares e as entidades sindicais não podem se calar. Devem exigir que toda a estrutura repressiva da época da ditadura seja desmantelada imediatamente.

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