Redação

Quando as candidaturas presidenciais foram registradas, ocorreu um fato curioso: o PT registrou um programa com “tópicos considerados radicais” tais como a necessidade da reforma agrária. Logo em seguida, voltou atrás e o substituiu por outro, sem os temas considerados “radicais”. A explicação da “gafe”: uma coisa é o programa do partido, outra é o programa de governo!

A direção do PT diz que apresenta um programa “realista”, que pode ser aplicado. O que não diz, porém, é que seu programa significa governar para a burguesia, por isso não cabe nesse programa nenhuma das reivindicações centrais da classe trabalhadora.
O PSTU apresenta nestas páginas o seu programa de governo. E somos realistas. A verdadeira realidade é que os salários tiveram uma redução em termos relativos e absolutos, e se compararmos com o lucro das grandes empresas a escala é astronômica; o ritmo de trabalho nas empresas converte as fábricas em verdadeiras máquinas de moer seres humanos; a qualidade da saúde e da educação pública segue decaindo; o país continua sendo saqueado pelas multinacionais e as imensas riquezas naturais do país enriquecem especuladores da bolsa de valores.

Isto é a realidade. Mas o debate fundamental sobre o programa não está somente em reconhecer a realidade do país, mas em afirmar qual é a saída para conquistar uma vida digna.
Ocorre que a vida já demonstrou nos oito anos de governo de aliança com a burguesia que nenhum dos problemas fundamentais dos trabalhadores pode ser resolvido. Nossas principais reivindicações serão conquistadas apenas com a luta contra os patrões e a dominação do país pelas multinacionais. E o governo necessário para essa luta deve ser um governo socialista dos trabalhadores, que lute contra os interesses das grandes empresas.
Assim, o programa que apresentamos nestas eleições é a expressão da luta diária pela sobrevivência de milhões de trabalhadores. Ele sintetiza a experiência desses oito anos de governo de colaboração de classes e vai além das eleições, pois é uma ferramenta para ação e mobilização. Mas se o programa é uma ferramenta para a ação, não se pode construir um programa sem um partido.

Como o programa que apresentamos vai além das eleições, o partido que construímos é a expressão desse programa. A luta para que os trabalhadores governem deve ser construída cotidianamente em todas as batalhas de nossa classe.

Não é possível improvisar um programa, tampouco um partido para a revolução pode ser. Um partido é construído nas pequenas e grandes batalhas da classe trabalhadora.
Por isso convidamos todos nossos leitores para essa empreitada. O PSTU é um partido vivo, que organiza os ativistas que querem lutar pelo programa da revolução. As reuniões são polêmicas, porque elas discutem a nossa intervenção. Uma vez tomada a decisão, todos do partido aplicam a política decidida. Nos congressos, a instância máxima do partido, é onde se tomam as principais decisões. Nenhum dirigente está acima dos militantes, todos estão submetidos às decisões de cada reunião em que participa nos organismos do partido.

Esta é base sob a qual se sustenta a democracia interna: os organismos do partido. Não existe democracia interna se os militantes não podem discutir cotidianamente a política do partido e controlar a sua direção.

E a base da garantia de nossa independência política é a independência econômica do partido frente à burguesia. Temos orgulho de ser um partido que sobrevive com a contribuição de seus militantes e simpatizantes, pois a dependência material da burguesia significará a destruição da base do nosso programa: a libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores.

Os partidos que se reivindicam da classe trabalhadora e deixaram de lado esta forma de organização e a independência, expressam, na verdade, uma mudança no seu programa. Quando o centro das decisões do partido não são seus organismos e seus militantes, por tanto, a construção de uma disciplina coletiva, o que impera é a decisão dos aparatos, como gabinetes de parlamentares e aparatos sindicais, por cima dos militantes. Um partido que se baseia nos filiados e não nos organismos, destrói a base fundamental da democracia interna, pois permite que a direção não esteja submetida à decisão coletiva de sua base.

O PSTU esta sendo construído sob estas bases. Convidamos você a vir construir conosco esta ferramenta.

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