O presidente Lula visitará o Haiti no próximo dia 28 de maio. O objetivo da visita é reforçar a mentira de que as tropas brasileiras que lideram a vergonhosa ocupação ao país estão a serviço da “defesa da paz”. Dessa forma, o presidente tenta minimizar o desgaste da imagem dos soldados brasileiros que reprimiram violentamente mobilizações populares no país.

Durante o mês de abril, milhares de haitianos foram às ruas para protestar contra o aumento de preço dos alimentos, que triplicaram desde o início do ano, e para pedir a retirada das tropas e o fim da ocupação. Manifestantes chegaram a derrubar os portões do Palácio Presidencial, exigindo que o governo tomasse alguma medida efetiva para resolver com o problema da fome.

A resposta do governo do presidente René Préval, porém, foi lançar uma brutal repressão contra os manifestantes. O trabalho sujo de reprimir ficou por conta da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), liderada por soldados brasileiros. Cerca de seis pessoas foram mortas pela repressão. No entanto, há denúncias de que esse número é ainda maior.

Dias de terror
Os dias que se seguiram foram marcados pelas ações de terror patrocinado pela Minustah nos bairros populares de Porto Príncipe. Os soldados impediram qualquer concentração com mais de três pessoas, reuniões e, sob a ponta das baionetas, obrigavam a população a não sair de casa.

Como se não bastasse, o governo do Haiti resolveu proibir os atos e protestos do Dia Internacional dos Trabalhadores. Essa medida foi uma tentativa de restringir qualquer tipo de manifestação que possa se converter em protestos contra a fome que assola o país. O pior é que isso tudo foi garantido pelas tropas brasileiras e pelo governo Lula, um ex-sindicalista que lutou contra a proibição de atos e protestos no primeiro de maio pela ditadura militar.

Quatro anos depois
No entanto, a visita de Lula vai ser bem diferente da primeira vez em que foi no Haiti. Em 2004, o petista esteve em Porto Príncipe, em meio a festas e jogos da seleção brasileira. Dessa vez, não haverá ninguém comemorando sua chegada.

Lula chegará ao Haiti às vésperas de completarem-se quatro anos da ocupação da Minustah. Nesse período, a missão acumulou um farto cardápio de denúncias contra os direitos humanos. Entre elas, atrocidades como estupro e assassinatos. Recentemente, a própria Minustah foi obrigada a repatriar 114 soldados da ONU acusados de abuso sexual e violações a mulheres e crianças.

Na comitiva, Lula levará empresários dos setores energéticos e de infra-estrutura, buscando transformar a ocupação do Haiti numa grande oportunidade de negócios. Entre os convidados, estão as empreiteiras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, doadores de campanha do presidente brasileiro.

Fora já Lula do Haiti!
Os ativistas e as organizações de esquerda, do movimento sindical, estudantil e popular no Brasil devem repudiar a visita de Lula e aproveitar a data para organizar protestos contra a ocupação. É preciso preparar atos e manifestações em consulados, embaixadas e praças públicas.

É hora de denunciar os crimes cometidos pelos soldados brasileiros no Haiti e responsabilizar o governo Lula pelos mortos.