Denúncias e esforço de Lula em salvar Sarney levam Senado à sua pior criseNas últimas semanas, a crise política do Senado tem se aprofundado como poucas vezes se viu. Senadores se xingam e se atacam em frente às câmeras, expondo incontáveis denúncias.

No centro da crise está o presidente do Senado e ex-presidente da República, José Sarney (PMDB-AP). E a tropa de choque formada por raposas como Renan Calheiros (PMDB-AL) e seu colega de partido e estado, o também ex-presidente Fernando Collor (PTB).
Contra Sarney, antigos ícones da direitona como Arthur Virgílo (PSDB-AM) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). E também Pedro Simon (PMDB-RS), que posa de oposição e parlamentar “independente”. Por trás de Sarney, o presidente Lula, comandando a defesa de seu maior aliado no Congresso.

Velho coronelismo
As denúncias contra Sarney vão da contratação de parentes e amigos por meio de atos secretos a desvio de verbas através de contratos fraudulentos entre a fundação que leva seu nome no Maranhão e a Petrobras.

Se os fatos não representam necessariamente algo de novo no Congresso Nacional, impressiona o volume de denúncias que atingem não só o presidente do Senado como praticamente todos os senadores. Assim como a desfaçatez com que os senadores tratam o escândalo.

Não é á toa que Sarney é presidente do Senado. O parlamentar mais antigo em atividade no país encarna como ninguém tudo o que existe de mais atrasado e reacionário na política nacional. Símbolo da oligarquia maranhense, José Sarney faz no Senado aquilo que fez durante décadas em seu estado de origem e durante quatro anos na presidência da República.

O senador transforma o Estado em seu feudo particular. Manda e desmanda, contrata parentes e amigos, enfim, faz o diabo na administração pública. Seu aliado, senador Wellington Salgado (PMDB-MG) definiu muito bem a denúncia de nepotismo contra Sarney. “É o que todos fazem”, afirmou o senador.

Pizza
Apesar de todo o escândalo, o governo já está assando a pizza. No dia 7, o presidente do Conselho de Ética, o senador suplente do suplente Paulo Duque (PMDB-RJ), decidiu arquivar sumariamente as denúncias que restavam contra Sarney. Duque já havia arquivado quatro pedidos de investigação dois dias antes. Agora, não há nada que pese no Senado contra Sarney.

Mesmo diante da indignação, Sarney permanece em sua cadeira. Isso mostra o papel do governo Lula nessa crise política, mas também o verdadeiro caráter dessa instituição corrupta chamada Senado.

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