Como nas eleições burguesas, cabresto e compras de voto se repetem nas eleições do PTAs eleições internas do PT mostraram de maneira emblemática a degeneração desse partido. Denúncias de fraudes, agressões, votos de cabresto, pagamento de mensalidade e transporte irregular de militantes (o famoso carreto) foram uma constante, de Norte a Sul do país. Não poderia ser de outra maneira, afinal, o que esperar de um partido que é o pivô de um dos maiores escândalos de corrupção da história?

Até o fechamento desta edição, o total de petistas que votaram nas eleições internas de domingo já ultrapassa os 200 mil. As parciais divulgadas apontavam a realização de segundo turno, mas ainda não era possível afirmar quais candidatos iriam disputar. Pelo segundo resultado parcial, o candidato Ricardo Berzoini tinha 42,8%, seguido por Valter Pomar (17%), Plínio de Arruda Sampaio (13,4%), Raul Pont (12,7%), Maria do Rosário (12%), Makus Sokol (1,4%) e Gegê (0,6).

Cabresto e agressão
Na capital paulista, o cabresto foi uma prática comum. Filiados ao partido eram transportados até os locais de votação e lá recebiam um modelo de cédula – um santinho do candidato que servia de cola – e um comprovante de pagamento de anuidade.

Para votar, o filiado deveria pagar uma taxa de R$ 5 de anuidade que, no final das contas, era paga por “recrutadores” das chapas. Muitas vezes, os filiados chegavam nas peruas dos candidatos e já recebiam os comprovantes de pagamento dos caudilhos.
Alguns sequer sabiam em quem tinham votado. Questionada por um jornalista sobre em qual candidato votou, Cristiana Brito respondeu: “Deixa eu olhar aqui no papel”. Tirou a cola do bolso: a cédula marcava voto em Berzoini.

Já Cristina Gonçalves disse que não sabia em quem iria votar. “A única coisa que sei é que tenho que votar em todos que acabam com 8 (chapa do Campo Majoritário)”.
Na região Sul de São Paulo, uma filiada ao PT falou que foi transportada por uma assessora do deputado estadual Ítalo Cardoso. “Ela me deu esse papel”, disse, com uma cédula indicando o voto em Valter Pomar, da Articulação de Esquerda.

Em São Bernardo do Campo (SP), um dos berços do PT, o vai-e-vem de Kombis foi intenso. A deputada Ana do Carmo, sem o menor constrangimento, admitiu ter pago a taxa para 48 pessoas. “Isso é uma hipocrisia. A esquerda também está fazendo. Mas não assume”, disse ela.

A ex-vereadora petista Titã Dias foi agredida enquanto filmava uma fila de 40 pessoas que se preparavam para embarcar em vans. Os agressores eram ligados à Jilmar Tatto, do grupo de Marta Suplicy, que apóia Valter Pomar. Dentro da bolsa de um cabo eleitoral de Tatto foram encontrados 20 recibos em branco carimbados e assinados.

As fraudes e irregularidades nas eleições petistas não são novidade alguma. Há muito tempo, com o avanço da degeneração interna do PT, práticas como o cabresto e transporte de filiados se incorporou à rotina burocrática do partido. à medida que o PT foi se incorporando à democracia dos ricos, assumindo alianças com os partidos da burguesia, aceitando o dinheiro da corrupção e de empresários, a lógica do vale tudo eleitoral também foi transportada para as eleições petistas. Por isso, as cenas das eleições internas do PT não se diferenciam em nada das fraudulentas eleições burguesas. É o retrato sem retoques da farsa das eleições. Ganha quem tiver mais estrutura e dinheiro para bancar campanhas milionárias.

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