Das frases preconceituosas à política implementada, nada muda no governo LulaNa semana passada, tivemos mais um episódio de declaração machista no cenário político nacional, que parece ter virado regra para ser governo no Brasil, independente da esfera – municipal, estadual ou nacional. Aqui, critérios para ser governo são iludir, fraudar, roubar, pactuar com grandes empresários, banqueiros e usineiros, comprar votos, viver de escândalos e transformá-los em pizza e falar as frases mais estúpidas, homofóbicas, machistas e preconceituosas. A ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), ao tentar secundarizar o problema da crise aérea no país e incentivar o turismo, disse aos usuários que “relaxem e gozem”.

Atitudes como esta não são de hoje. Quem não lembra da famosa frase do Presidente João Baptista Figueiredo que disse preferir cheiro de cavalo ao cheiro do povo? Voltando aos tempos de neoliberalismo iniciados por FHC e seguidos por Lula, as frases não sumiram: elas só ganharam peso, pois muitas serviriam pra engrossar as inverdades sobre a Previdência e os apagões…

FHC, na tentativa de implementar a reforma previdenciária, chamou os aposentados de vagabundos. Logo ele que se aposentou pós-segundo mandato, com uma aposentadoria de milhares de reais. Lula, seguindo o exemplo, não contente em reformar a Previdência, segue no ataque aos trabalhadores, agora com a tentativa de implementar a terceira reforma da Previdência e as reformas universitária, sindical e trabalhista. Ele presenteia nosso povo tão sofrido com o “tirem a bunda da cadeira”, como se não tivéssemos que fazer isso diariamente na procura por empregos escassos e atrás de salários de fome. Isso sem falar das vezes que saímos às ruas na defesa de nossos direitos.

Para piorar a situação do presidente, ele deu uma demonstração grosseira de homofobia ao se referir à cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul como cidade exportadora de “veados”.

Ironicamente, entretanto, uma das frases mais preconceituosas saiu da boca de Marta Suplicy. Ela, que já foi conhecida como uma mulher feminista, conhecedora da luta contra o machismo, declarou, sobre a crise aérea: “relaxa e goza”, referindo-se aos usuários do serviço de aviação.

A frase de Marta tem dois aspectos. O primeiro é dizer a quem está na fila dos aeroportos “que se dane”, que o governo nada pode fazer, é incapaz, jogando a responsabilidade de resolver o problema para o usuário, assim como fazem com os controladores de vôo.

O segundo aspecto é o mais nefasto: a origem da frase. Todos conhecem este infeliz ditado popular na íntegra: “se o estupro é inevitável, relaxa e goza”. Essa frase, extremamente machista, foi dita pelo apresentador de uma TV americana, Tex Antoine. Ele foi despedido por isso.

A ministra Marta foi mais do que infeliz. Utilizou-se de uma frase absurdamente machista e violenta, que fere a mulher numa das coisas que ela mais teme: a possibilidade de não poder reagir ao estupro e de não conseguir, num caso como esse, manter-se viva. Marta concorre com Paulo Maluf, que proferiu uma das piores frases da História, enquanto mulheres morriam nas mãos de estupradores: “estupra, mas não mata”.

Marta esqueceu seu passado “feminista” há tempos, quando foi prefeita de São Paulo. Suas creches não atendiam ao conjunto de mulheres que precisavam da assistência e ela parecia nunca ter defendido o aborto, num silêncio sepulcral sobre a descriminalização do mesmo.

Infelizmente, o governo Lula segue como todos os outros. Com os pedidos esfarrapados de desculpas, as roubalheiras, falcatruas, pizzas e as frases mais bizarras, recheadas de preconceitos.